São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Distorção de preços é no varejo, diz Dallari

DA REPORTAGEM LOCAL

O foco de distorção de preços que existe hoje no mercado está no varejo. A afirmação é de José Milton Dallari, assessor especial para preços do Ministério da Fazenda.
Ele participou, ontem, em São Paulo, de um seminário promovido pelo Grupo IOB para discutir a 3ª fase do Plano FHC.
Dallari diz que tem acompanhado de perto os preços das indústrias em URV. Para ele, o aumento real registrado variou de 2,1% a 4% na conversão para a URV.
"Nessa fase de transição isso não é muito." Depois da "urvização", diz ele, os preços da indústria estão estabilizados no novo indexador.
Yoshiaki Nakano, ex-chefe da assessoria econômica do Ministério da Fazenda, que participou do evento, não isenta a indústria dos aumentos reais de preços.
"Está havendo pressão do lado da indústria. Descontos em URV dados antes pelos fabricantes estão sendo agora retirados", afirma Nakano.
Para ele, isso deve pressionar a inflação neste mês e levar resíduo para julho, na nova moeda. Se as pressões de preços persistirem, a inflação pode chegar a 8% em julho, prevê Nakano.
Gesner José de Oliveira Filho, secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, diz que houve "nervosismo" por parte do empresariado para remarcar preços na passagem para URV.
Para ele, qualquer prática abusiva de preço deve ser analisada criteriosamente. Se for confirmado o abuso, a lei antitruste, que pune os infratores, deve ser acionada.
Oliveira Filho diz que essa lei também vale para as estatais. Segundo ele, o consumidor deve informar o governo no caso de abuso nos preços das tarifas públicas.
Dallari voltou a insistir que desde o início do plano FHC a intenção do governo era a de não se intrometer nas renegociações de contratos.
Como as negociações não deslancharam em alguns casos, o governo foi forçado a interferir. "Mas não tenho dúvidas de que sempre que o governo se mete nestes casos ele faz mal feito."
Apesar de defender a livre negociação dos contratos, no caso dos aluguéis o governo está examinando várias propostas para conversão de preços em URV.
Nessa conversão, diz Oliveira Filho, não deve haver nem perdas nem ganhos para inquilinos e proprietários.
O governo está para anunciar modificações nas alíquotas e nos prazos de pagamento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), informa Gesner Oliveira Filho.
"Sabemos que há distorções na estrutura de alíquotas do IPI e há estudo avançado do governo para rever isso."
Segundo Oliveira Filho, "a intenção é dar mais racionalidade ao sistema tributário."
Para ele, essas modificações vão evitar que, numa economia estabilizada, haja uma carga tributária excessiva sobre alguns setores.

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