São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Sucesso de público e rombo no orçamento marcam fim do evento

DANIELA ROCHA
DA REDAÇÃO

As seis semanas do 4º Festival Internacional de Artes Cênicas levaram cerca de 32 mil pessoas aos teatros e 31 mil às apresentações nas ruas, segundo a organizadora do evento, Ruth Escobar, 59.
Segundo ela, o balanço do festival foi positivo, apesar do estouro orçamentário de mais de US$ 150 mil. "Por ser um evento muito grandioso, houve um desgoverno da própria organização quanto aos gastos", afirmou.
O orçamento foi inicialmente previsto em US$ 2,2 milhões. "Já perdi uma casa em 1979 para cobrir o prejuízo do festival de 1976, mas desta vez procurei a iniciativa privada para evitar novo desastre."
A organização do evento teve cerca de 40% de perda financeira nos contratos feitos em cruzeiros reais, segundo Escobar.
Outro motivo para o rombo foram os gastos extras, como com lanchinho oferecido às companhias em dias de espetáculo –que custaram em média CR$ 500 mil por dia para a organização– e com as despesas de armazenamento de cenário e publicidade.
Na avaliação da organizadora, o festival foi ambicioso demais no tamanho. Ao todo foram 28 companhias que fizeram 135 apresentações em São Paulo.
"Busquei resgatar os 13 anos sem festival", afirmou. "Nesse sentido o evento cumpriu o objetivo de retomar o público que gosta de artes cênicas e que viu o último festival em 1981."
O melhor e pior
Durante o evento não foi feita nenhuma pesquisa de opinião com o público. "Foi uma falha", afirmou Escobar.
"O que pude notar é que a partir da segunda semana do festival havia um público cativo, que via todas as peças."
Segundo ela, as opiniões divergem na definição do melhor espetáculo cênico, musical e de dança.
"Pudemos contatar alguns destaques que o público aclamou durante as apresentações, que foram a o grupo de gospel norte-americano, o Mount Moriah Baptist Church, e Os Derviches Dançantes, da Turquia."
Outros destaques foram os monólogos do inglês Steven Berkoff e da canadense Pol Polletier.
"Em dança, o grupo de Joe Goode Performance Dance foi o mais importante, por trazer um espetáculo totalmente diferente do convencional", afirmou.
A grande decepção do festival, na opinião de Ruth Escobar, foi o grupo de dança australiano Aboriginal Islander Dance Theatre.
"Mas não teria trazido também outros espetáculos, como os italianos Risotto e Calderón, por serem caríssimos", disse.
Próximos festivais
Ruth Escobar pensa em fazer um festival de artes cênicas por ano, durante os próximos três anos. "Depois de 1997, com um público formado, o ideal é que os festivais fossem bienais."
Para o final de 1995, Escobar pretende fazer um festival das origens, com espetáculos religiosos de várias partes do mundo, como feitos por tribos africanas, índios da América do Norte e grupos do oriente.
"Devo viajar na próxima semana para começar a investir nisso."
Para a próxima edição, ela disse que terá um diretor financeiro para controlar os gastos.
"Devo trazer no máximo 15 companhias para um festival que deve acontecer em um período concentrado de 15 dias".
Segundo ela, boa parte da equipe que trabalhou na organização deste festival deve ser mantida.
"Cerca de 80 pessoas trabalharam incessantemente durante o evento para conseguir o resultado que tivemos e estamos nos organizando para mantê-las nas próximas edições."

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