São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Mestres do roteiro fazem seminário em SP

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro dos mais importantes roteiristas de cinema da atualidade vêm a São Paulo em agosto para o seminário "Um Roteiro para o Cinema Brasileiro", promovido pela Secretaria de Estado da Cultura.
Os norte-americanos Robert Towne e Matthew Robbins, o argentino Ricardo Piglia e o italiano Sandro Petraglia comentarão os roteiros de filmes brasileiros representativos de quatro épocas.
Paralelamente, estudiosos e roteiristas brasileiros debaterão temas como "o filme de gênero" e "a adaptação literária", sempre a partir de filmes brasileiros específicos (leia programação ao lado).
O evento se encerra em setembro, com um workshop de roteiros coordenado pelo roteirista de cinema e televisão Doc Comparato.
Mas as grandes atrações do seminário serão mesmo os estrangeiros convidados, graças à qualidade e variedade de seu trabalho.
Robert Towne ganhou um Oscar pelo roteiro de "Chinatown", filmado por Roman Polanski em 1974 e considerado um dos textos mais perfeitos do cinema americano dos últimos 20 anos. Além disso, ele próprio dirigiu seus roteiros em "Personal Best" (1982) e "Conspiração Tequila" (1988).
Sandro Petraglia (leia entrevista abaixo) é hoje um dos mais disputados roteiristas italianos. Escreveu roteiros para filmes premiados como "Ladrão de Crianças", de Gianni Amelio, "A Missa Acabou", de Nanni Moretti, e "Mery per Sempre", de Marco Risi.
Ricardo Piglia, o mais importante escritor argentino em atividade, fez o roteiro do próximo filme de Hector Babenco, "Foolish Heart", e tem adatpado para o cinema obras literárias latino-americanas (leia entrevista abaixo).
Matthew Robbins, por fim, fez para Steven Spielberg o roteiro (premiado em Cannes) de "Louca Escapada". Depois passou à direção. Seu filme mais conhecido é a fantasia romântico-científica "O Milagre Veio do Espaço", produzido por Spielberg.
Hoje Robbins atua como consultor para roteiros no Sundance Institute, de Robert Redford.
Com exceção de Piglia, que disse ter visto há muitos anos "O Cangaceiro", de Lima Barreto, os outros convidados estrangeiros não conhecem ainda os filmes brasileiros que deverão comentar.
Almeida Prado, coordenador-geral do seminário, diz que o objetivo do evento é "abrir a discussão sobre novas formas de argumento e roteiro para o cinema brasileiro".
O coordenador, que é também cineasta, não concorda totalmente com a opinião generalizada de que o que falta ao cinema brasileiro são bons roteiros.
"Faltam bons roteiros no mundo todo. O problema é que quando se criticam os roteiros brasileiros, tem-se geralmente como parâmetro o cinema americano", diz Almeida Prado. Para ele, "as fórmulas do roteiro americano funcionam para o cinema deles, mas para nós, não".
Segundo o cineasta, a estruturação da parte internacional do seminário começou pela escolha de filmes representativos de quatro fases do cinema brasileiro: Vera Cruz, Embrafilme, anos 60 e Novo Cinema Paulista.
Os filmes escolhidos foram: "O Cangaceiro", de Lima Barreto; "Bye Bye Brasil", de Cacá Diegues; "São Paulo S/A", de Luís Sérgio Person, e "A Hora da Estrela", de Suzana Amaral.
Depois disso, foram convidados os roteiristas estrangeiros, que já confirmaram sua presença.
O seminário, que está sendo produzido pela cineasta Tata Amaral, será realizado no Museu da Imagem e do Som (MIS), e o workshop de Doc Comparato, na Oficina da Palavra. As inscrições para ambos vão de 15 a 30 de junho no MIS (av. Europa, 158, Jardins, tel. 011/280-0896).

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