São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Diretor de 'Malícia' quer recriar o filme 'noir'

RICARDO CALIL
DA REDAÇÃO

Harold Becker, diretor de "Malícia", em cartaz em São Paulo, Rio e Brasília, é um produto típico de Hollywood.
Para os produtores, Becker representa bom investimento. Com um orçamento razoável (US$ 25 milhões), levou "Malícia" ao dobro de bilheteria só nos Estados Unidos. No Brasil, 140 mil pessoas já assistiram ao filme.
"Malícia" repete o bom desempenho de "Vítimas de uma Paixão" (1989), que teve o mérito de tirar Al Pacino do ostracismo.
Para o público, o cineasta garante uma bem-sucedida fórmula de thrillers ou policiais com carga erótica e final moralizador.
"Malícia" conta a história do casal Bill Pullman e Nicole Kidman, que vive feliz em uma pequena cidade americana.
Para quebrar a harmonia, Kidman não consegue engravidar, um "serial killer" ronda o campus onde Pullman trabalha e aparece um terceiro personagem, Alec Baldwin, que atrapalha a felicidade do casal.
Becker afirma que Hitchcock e o filme "noir" foram as principais influências de "Malícia".
Em entrevista à Folha por telefone, de Los Angeles, o cineasta adiantou detalhes de seu novo filme, "City Hall", um drama sobre os bastidores políticos em Nova York inspirado em fatos reais.

Folha - Qual é a influência de Hitchcock em "Malícia"?
Harold Becker - Eu devo o conceito de manipulação do espectador a Hitchcock. Outra influência é o filme "noir", principalmente "Pacto Sinistro", de Billy Wilder. Do "noir", eu tirei a mulher fatal, a fotografia inspirada no preto-e-branco, aquele sentido do clima.
Folha - O sr. acha que Nicole Kidman desempenhou bem o papel de mulher fatal?
Becker - Ela tem várias qualidades para isso. Acho que é uma atriz muito sexy.
Folha - Qual é a razão para essa invasão de thrillers eróticos, como "Malícia", no mercado?
Becker - Sempre houve thrillers eróticos, mas a censura atrapalhava. Hoje, se tornou possível ser abertamente erótico, às vezes para o bem, às vezes para o mal.
Folha - O que o sr. acha da comparação entre "Malícia" e "Corpos Ardentes"?
Becker - "Corpos Ardentes" é uma refilmagem de "Pacto Sinistro". Há sentido na comparação. Há semelhanças, como a caracterização da mulher fatal poderosa.
Folha - Qual é a importância do "serial killer" na história?
Becker - A presença dele ajuda no clima e fornece algumas pistas desencontradas para o espectador. A função do papel é criar um clima de medo na comunidade.
Folha - A manipulação do espectador guia seu filme?
Becker - Para um thriller, isso é muito importante. O thriller é como um truque de mágica. Você leva o público em uma direção para surpreendê-lo em outra.
Folha - Qual é seu novo projeto?
Becker - Tenho um filme novo chamado "City Hall", um drama político sobre a corrupção na prefeitura de Nova York. É um filme de ficção inspirado em uma série de fatos reais ocorridos na cidade. Estou escolhendo o elenco.
Folha - Al Pacino está nos planos?
Becker - Eu adoraria trabalhar com ele neste filme. Somos grandes amigos e tenho certeza que voltaremos a nos unir.
Folha - Em "Malícia", Hitchcock e o "noir" foram suas influências. Quais são as referências para esse novo trabalho?
Becker - Vão desde "A Mulher Faz o Homem", de Frank Capra, até "Todos os Homens do Presidente", de Alan Pakula.

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