São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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Máfia aterroriza 'arrependidos'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Justiça e a polícia italianas acreditam que a Máfia tenha iniciado uma onda de crimes de vingança contra seus "traidores".
Um mafioso "arrependido" escapou ontem do apartamento em que vivia sob proteção policial em Roma e apareceu horas depois em Terni, na região central da Itália.
A fuga de Mario Santo di Matteo, 40, coincidiu com o encontro do corpo do pai de outro "arrependido", enforcado em Palermo.
O deputado esquerdista Pino Arlacchi, um dos políticos que mais combatem a Máfia, comentou que "a estratégia é clara, a Máfia está tentando fazer `terra arrasada' em torno dos `arrependidos': matando-os, sequestrando seus parentes, minando sua credibilidade e tornando seu futuro ainda mais incerto".
Di Matteo, 40, havia sido preso em outubro do ano passado. Concordou em "mudar de lado" e foi colocado sob proteção policial.
Seus depoimentos ajudaram a identificar os 18 autores do atentado a bomba que matou o juiz Giovanni Falcone em maio de 1992.
Ele também denunciou supostas relações entre a Máfia e importantes políticos italianos, como o ex-premiê Giulio Andreotti.
Seu pai e sua mulher o abandonaram, pelo fato de ele ter traído o código de silêncio dos mafiosos, e seu filho de 10 anos de idade desapareceu há cerca de seis meses.
A polícia disse acreditar que Di Matteo fugiu do apartamento secreto em Roma para tentar salvar o filho, talvez oferecendo sua própria vida em troca da do garoto.
Di Matteo não fez nenhuma declaração ao entregar-se em Terni –apenas identificou-se e mandou chamar a unidade da polícia especializada no combate à Máfia.
Também ontem, Girólamo la Barbera, 69, foi encontrado enforcado em um armazém de sua propriedade na capital siciliana.
Seu filho, Gioachino la Barbera, é outro "arrependido" sob proteção policial e também participou do assassinato do juiz Falcone. Foi o depoimento de La Barbera, detido em junho de 1993, que levou à prisão de Di Matteo.
Há duas semanas, o mais famoso mafioso preso, Salvatore "Tot•" Riina, fez ameaças aos "arrependidos" durante uma entrevista.
Ele também sugeriu que o deputado Arlacchi, o promotor Giancarlo Caselli e o ex-presidente da Comissão Parlamentar anti-Máfia Luciano Violanti também estão com as cabeças a prêmio.
"As ameaças de Riina parecem estar fazendo efeito", disse o ministro Roberto Maroni (Interior). Ele prometeu reforçar a segurança dos 700 "arrependidos" e 2.500 familiares sob proteção policial.

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