São Paulo, sábado, 11 de junho de 1994
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ONU impõe 1ª punição à Coréia do Norte

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

ONU impõe1ª punição à Coréia do Norte
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU) aprovou ontem a punição à Coréia do Norte diante da recusa do país em autorizar inspeções em suas instalações nucleares.
Por 28 votos a 1, com 4 abstenções, os países-membros decidiram cortar a ajuda técnica ao programa nuclear norte-coreano.
A decisão abriu caminho para que o Conselho de Segurança da ONU possa votar sanções econômicas contra Pyongyang.
Em termos práticos, a medida corta apenas uma ajuda financeira de US$ 250 mil à Coréia do Norte. Mas a decisão foi considerada uma vitória política para os EUA, principal defensor das sanções.
Ao contrário do esperado, a China –maior aliada da Coréia do Norte e membro AIEA– não votou contra a decisão. Apenas se absteve, assim como Índia, Líbano e Síria. A Líbia votou contra.
Yun Ho-jin, enviado norte-coreano à reunião da AIEA, disse que seu país não tem mais condições de garantir as salvaguardas em relação ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e que iria expulsar os dois técnicos da agência da ONU que ainda estão na Coréia do Norte.
O presidente norte-americano, Bill Clinton, disse que os EUA vão continuar pressionando para que sanções contra a Coréia do Norte sejam votadas no Conselho de Segurança na semana que vem.
A abstenção de ontem indica que a China, que tem poder de veto no CS e que vem se manifestando contra sanções, poderá mudar de posição.
Mas isso foi descartado pelo presidente chinês, Jiang Zemin, para quem sanções "apenas agravariam a situação e levariam a sérias consequências". O chanceler japonês, Koji Kazikawa, foi a Pequim para tentar convencer o governo chinês a apoiar as sanções.
A AIEA já havia tomado decisões semelhantes duas vezes –contra o Iraque durante a Guerra do Golfo e contra Israel em 1981, quando o país bombardeou instalações nucleares iraquianas.
O governo da Coréia do Sul, maior rival dos norte-coreanos, ordenou uma checagem de emergência em todos os abrigos e reservatórios de água do país. A Coréia do Sul teme um ataque norte-coreano com o aumento das tensões.
Clinton conversou por mais de uma hora ontem pelo telefone com o presidente sul-coreano, Kim Young-sam. Os dois concordaram com a necessidade das sanções.
Anteontem, o governo de Pyongyang ameaçou declarar guerra ao Japão caso o país se posicione a favor das sanções.
Em meio a essas ameaças, a Coréia do Norte continua reafirmando que quer negociar as inspeções nucleares em "bases especiais".
As forças norte-americanas na Coréia do Sul estão em alerta e a Força Aérea dos EUA tirou dos hangares os mísseis Patriot que levou recentemente ao país.

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