São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994 |
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Intervenção de Itamar assusta Fazenda
FERNANDO GODINHO; SÔNIA MOSSRI
O ex-ministro da Fazenda e candidato da aliança PSDB-PFL-PTB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, vai ser chamado para contornar os desentendimentos entre Itamar e a equipe econômica. Um dos principais formulares do Plano Real, o economista Edmar Bacha, demonstrou intenção de deixar o cargo de assessor especial da Fazenda caso o presidente continue a criticar o Plano Real. Na última semana, um grupo de ministros afinados com FHC –entre eles, Beni Veras (Planejamento), Élcio Alvares (Indústria e Comércio) e Sérgio Cutolo (Previdência)– pediu ao candidato tucano que atue como bombeiro na série de atritos entre o presidente Itamar e a equipe da Fazenda. O ministro-chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves, também passou os últimos dias esforçando-se em minimizar as diferenças entre o presidente e a Fazenda. Em direção contrária, parlamentares próximos ao presidente estimulam Itamar a tomar iniciativas próprias na área econômica. O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), e os deputados Raul Belém (PP-MG) e Maurílio Ferreira Lima (PSDB-PE) criticam a falta de resultados imediatos do plano de estabilização. Os três parlamentares comandam as investidas para que Itamar introduza mudanças nos seis meses e meio que lhe restam no governo. Para Belém e Ferreira Lima, FHC não deve se intrometer na política econômica do governo. Querem que o candidato cuide, preferencialmente, da sucessão presidencial. "O presidente quer medidas concretas e imediatas contra a subida de preços", disse ontem à Folha Raul Belém. Ele avalia que o "confronto" de estilos entre a equipe econômica e Itamar é "inevitável". Para Maurílio Ferreira Lima, "não se pode castrar ou algemar o presidente, pois os especuladores não têm medo de Dallari (José Milton Dallari, assessor especial da Fazenda) e sim de Itamar". O próximos embates de Itamar com a equipe econômica são as medidas provisórias que fixarão os critérios de conversão para o real dos aluguéis e das prestações dos planos privados de saúde. A Fazenda prefere um acordo informal com o setor de saúde e com proprietários de imóveis, sem a edição de nova MP. Itamar não aceita essa proposta e já avisou que, assim que voltar do Equador, na sexta-feira, examinará com o ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, o texto das MPs. "O presidente está inquieto e este sentimento recrudesceu nos últimos dias", disse ontem o deputado federal Raul Belém (PP-MG), um dos parlamentares mais próximos de Itamar. Os assessores mais próximos de Itamar, como o chefe do Gabinete Civil, Henrique Hargreaves, e o secretário-geral da Presidência da República, Mauro Durante, frequentam feiras livres em Brasília e comentam com o presidente sobre a evolução dos preços. Texto Anterior: FHC prevê fim do IPMF com o real Próximo Texto: Itamar tem reclamado sem parar da alta dos preços Índice |
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