São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Sindicato dos Metalúrgicos de SP suspende pagamento ao Dieese

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, resolveu suspender por tempo indeterminado o pagamento que fazia ao Dieese.
O Dieese é sustentado por sindicatos. O dos metalúrgicos de São Paulo é o que mais contribui. A mensalidade de maio, não paga pelo sindicato, é de CR$ 6.250.799,79 (2.897,54 URVs).
O problema: a última Pesquisa de Emprego e Desemprego na Grande São Paulo (PED) do Dieese/Seade.
A PED apurou que o rendimento médio mensal real (descontada a inflação) dos assalariados teve aumento de 2,6% em março, primeiro mês da indexação à URV, frente a fevereiro.
"Ao divulgar tal número, o Dieese fala contra o trabalhador e traz o inferno à nossa categoria", disse o presidente do sindicato, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
A entidade organizou 150 greves por empresa e uma paralisação geral contra as perdas de mais de 30%, calculadas, segundo Paulinho, pelo próprio Dieese.
"Os empresários estão dizendo que as nossas greves foram políticas, o que é uma inverdade, e se recusando a repor as perdas que de fato existiram", disse Paulinho.
O diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, disse que o Dieese optou por manter o cálculo dos salários da PED em cruzeiros reais, mesmo com a URV. "Da coerência dos critérios depende a nossa credibilidade", afirmou.
Mas destacou que, junto com a PED, foi divulgada nota explicando as dificuldades de apuração dos rendimentos em março.
"Explicamos que, como a forma de indexação dos salários mudou, pode ter acontecido uma superestimação dos rendimentos em cruzeiros em março", disse.
Os trabalhadores que recebem em duas ou mais vezes passaram a ter em março seus salários parcelados em URV, o que aumenta os salários em cruzeiros.
Mendonça destacou que entre a PED e o cálculo das perdas salariais na conversão existe uma diferença de critérios. Ao calcular as perdas na conversão com a URV, o Dieese usou como base o salário de pico de cada categoria, um "critério histórico".
Dirigentes de três outros sindicatos não concordam com a suspensão de pagamento. Ricardo Berzoini, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado à CUT, disse que `a solução é negociar, nunca parar o pagamento'.
Cláudio Camargo Crê, presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e dirigente da Força Sindical, disse que está revoltado com o resultado do Dieese, mas vai continuar pagando.
Para Heiguiberto Guiba Navarro, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, as informações do Dieese estão corretas.

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