São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Única sobrevivente diz que saiu para comprar cigarros

"Meu bebê chorava e todo mundo estava morto"

DA REPORTAGEM LOCAL

Dolores Gabriela, 30, só sobreviveu à chacina de Taboão da Serra porque saiu para comprar cigarros.
Moradora da casa onde morreram 12 pessoas na madrugada de ontem, ela contou à polícia que saiu por volta da 1h30. Só retornou uma hora depois.
Ela alegou que demorou tanto tempo porque não havia bares abertos próximos da casa.
Dolores deixou sua filha de quatro meses dormindo com a avó, Terezinha de Jesus Estevam. Terezinha foi assassinada na cama. O bebê foi poupado.
No portão da casa, Dolores encontrou Wilson Venceslau, 40, que foi criado por sua mãe, Terezinha. Ele mora próximo à casa onde ocorreu a chacina.
"Eu estava passando e ela me chamou para comprar cigarros. No caminho, aproveitamos para tomar umas cervejas", disse Venceslau.
Ele confirmou que as pessoas que ficaram na casa estavam fumando crack.
Quando Dolores voltou para casa, às 2h30, ouviu do portão o choro do bebê. Apenas a luz da sala estava acesa.
Ela contou que estranhou o choro e ficou assustada. "Entrei em casa correndo. Meu bebê chorava e todo mundo estava morto. Foi horrível. Não acreditei no que vi", disse à Folha.
Dolores afirmou que pegou o bebê no colo e saiu da casa. Contou para os amigos e para Venceslau, que chamaram a Polícia Militar.
A sobrevivente disse que não "imagina" quem possam ser os responsáveis pela chacina.
Ela estava chorando e não quis falar mais sobre o que aconteceu e o que faz.

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