São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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EUA celebram 25 anos de Woodstock

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O jubileu de prata do Festival de Woodstock, principal emblema da geração do "paz e amor", vai ser comemorado com dois eventos muito diferentes do original.
Em Saugerties, cerca de 160 km ao norte de Nova York, acontece nos dias 13 e 14 de agosto o Woodstock 94.
Em Bethel, 57 km a oeste de Nova York, na mesma fazenda dos "três dias de sexo, drogas e rock'n'roll" de 1969, ainda sem data confirmada, a festa vai se chamar Bethel 94.
Woodstock 94 é organizado pelo mesmo trio que promoveu a célebre festa de 15, 16 e 17 de agosto de 1969.
Eles levaram 15 anos para pagar os prejuízos de Woodstock. Hoje, são homens ricos e não querem repetir o erro.
Com patrocínio da Pepsi-Cola e da Polygram, entre outros, vão fazer um espetáculo com precisão científica e tecnologia de final do século.
Nada das improvisações que marcaram o Woodstock original. Cada um dos 250 mil ingressos a serem postos à venda por telefone vai custar US$ 135.
Em 1969, a entrada custava US$ 18. Mas dois terços dos 600 mil rapazes e moças que apareceram não pagaram um tostão para assistir o show.
Ao contrário de 25 anos atrás, quando esses detalhes foram esquecidos, desta vez os espectadores serão levados de ônibus ao festival, haverá 3.000 banheiros públicos, 1.300 guardas, dois hospitais de campo, comida industrializada à venda.
Os nostálgicos vão reclamar de tudo. "Ninguém vai engravidar desta vez", diz o professor de comunicação Todd Gitlin, estudioso dos anos 60.
Gitlin está revoltado, como outros de sua geração, com a notícia de que no Woodstock 94 álcool e drogas serão proibidos.
Os promotores pensaram em quase tudo para manter a assepsia do festival. Até um estudo sobre os mosquitos da região foi feito para se espargir a quantidade certa de inseticida na véspera para o show não ser perturbado.
Eles só não podem ter controle sobre a chuva. Se ela vier, como em 1969, pelo menos alguma coisa de 25 anos atrás, a lama, vai se repetir.
O elenco ainda não está definido. Mas vai ter poucos remanescentes do Woodstock de 1969: Crosby, Stills e Nash (sem Young), Sha Na Na, Santana. O maior ídolo dos 60, Bob Dylan, pode aparecer. Certos são grupos posteriores como Red Hot Chili, Spin Doctors e Alice in Chains, para atrair os jovens.
Bethel 94 é iniciativa de Sid Berstein, o empresário que trouxe os Beatles aos EUA em 1964. Ele quer fazer uma coisa mais no espírito de 69.
Mas ainda não obteve todas as autorizações necessárias para o espetáculo se realizar.
Richie Heavens, o cantor negro que se tornou o símbolo de Woodstock com sua interpretação de "Freedom", disse que irá a Bethel.
Pouco mais se sabe de Bethel 94, a não ser que Berstein espera um público de 80 mil pessoas e vai cobrar US$ 150 por três dias de show.

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