São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Arafat lidera OLP desde 69

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Iasser Arafat, 64, está perto de concretizar parcialmente o objetivo pelo qual lutou por quase três décadas -administrar a vida dos palestinos, pelo menos na faixa de Gaza e em Jericó.
Por enquanto, não é nem de perto o Estado palestino que ele pregou sua vida política inteira, mas pela primeira vez na história os palestinos têm o poder de decidir sobre seus assuntos internos.
Arafat diz ter nascido em Jerusalém, mas historiadores afirmam que ele nasceu no Cairo em 1929, dois anos depois de seu pai, comerciante, ter trocado a Palestina britânica pelo Egito.
Segundo esses historiadores, Arafat só pisaria na Palestina aos quatro anos, após a morte de sua mãe, quando foi mandado pelo pai à casa do tio em Jerusalém, onde morou por quatro anos.
Foi no Cairo que se formou em Engenharia e se tornou presidente da Liga dos Estudantes Palestinos.
Em 1956 foi morar no Kuait, onde fundou a Al Fatah, que viria a se tornar a principal facção da Organização para a Libertação da Palestina, da qual Arafat é presidente desde 1969.
Sob sua liderança, a OLP (e o movimento nacional palestino) ganhou destaque internacional. Primeiro por sangrentos atos terroristas.
Depois, ao aceitar a existência de Israel, como representante de uma população sob ocupação militar em busca de independência.
O maior erro político de Arafat foi ter apoiado o ditador iraquiano, Saddam Hussein, na invasão do Kuait (agosto de 1990) e posterior Guerra do Golfo (1991).
Esse erro lhe custou o apoio e centenas de milhões de dólares dos países do Golfo, além do ostracismo na cena política mundial dominada pelos EUA.
Enfraquecido, Arafat acabou aceitando um plano de paz muito distante das aspirações palestinas, sendo acusado de traidor.
Mas nas ruas de Gaza, após a assinatura do acordo de paz com Israel em setembro, pôsters de Arafat estavam por toda parte.
E voltaram agora, após a retirada israelense. Para os palestinos, perto da ocupação militar, a autonomia não deixa de ser uma grande conquista de Arafat. (SM)

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