São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Sintomas apareceram em 87

SUZANA BARELLI
DA ENVIADA ESPECIAL

As primeiras notícias da clorose variegada dos citros (CVC) datam de 1987 na região de Macaubal (520 quilômetros a noroeste de São Paulo).
Em 1992, levantamento da Fundecitros, instituto de pesquisa, mostrou que a doença já atingia 133 municípios brasileiros.
No próximo mês, a entidade divulgará novo estudo, mostrando a atual extensão da CVC na lavoura.
Sabe-se que a doença já atinge os Estados do sul do país, além de Minas Gerais e norte da Argentina.
"Nossa estimativa é de que a doença tem se alastrado rapidamente, comprometendo a maioria das plantações nacionais", diz Jorgino Pompeu Júnior, do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas.
Pompeu diz que não há como calcular o prejuízo causado pela doença. Como exemplo, diz que a CVC já ameaça a coleção de citros do IAC, um dos mais completos, com 800 tipos de laranjas, limões e tangerinas.
Há duas hipóteses para a origem da doença, segundo Pompeu. A primeira é uma mutação genética de outras Xylellas.
A segunda é que a bactéria foi trazida de outros países e que encontrou no Brasil um hábitat propício a seu desenvolvimento.
Os técnicos desconhecem a existência de variedades resistentes à CVC. Sabem apenas que a doença não se manifestou (ainda) em tangerinas e limões.
A CVC afeta as melhores variedades de laranja e pode estar relacionada com um problema nutricional da planta, diz Pompeu.
Os primeiros sintomas da CVC mostravam plantas com deficiência de zinco (nutriente), manchas amarelas na frente das folhas e amarronzadas nas costas.
Os frutos, pequenos, apresentavam amadurecimento precoce e deficiência de potássio, apesar da existência do metal no solo.
Na ocasião, diversas hipóteses foram levantadas, entre elas a desordem nutricional da planta, o "greming" (deformação do fruto, comum na África do Sul) e a mutação do vírus da tristeza (doença da laranja).
Em dezembro de 1989, um laboratório francês localizou a bactéria Xylella fastidiosa em uma amostra contaminada. Em agosto de 90, a bactéria foi isolada em laboratório do Instituto Biológico.
Em fevereiro de 1992, experiência em laboratório na Flórida (EUA) confirmou a presença da bactéria nas plantas com o sintoma da doença.

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