São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994 |
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Citricultura testa armas contra a CVC
SUZANA BARELLI
A CVC, também conhecida por "amarelinha", é apontada como a mais séria doença dos laranjais brasileiros e foi o principal tema da Semana da Citricultura, encerrada sexta-feira passada em Cordeirópolis (160 quilômetros de SP). É causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que ataca a árvore, causando o amarelamento das folhas. Os frutos não conseguem se desenvolver, ficam murchos e não podem ser aproveitados para suco. O cientista Santin Gravena, 50, trabalha com a hipótese de que a aplicação de nutrientes no solo, como metais pesados (estanho e chumbo) e sais, podem impedir o desenvolvimento da bactéria. "Os metais não são tóxicos para a planta mas são indesejáveis para a bactéria", diz Gravena. Segundo ele, falta respaldo científico à experiência, iniciada há um ano, apesar de os primeiros estudos mostrarem que os nutrientes tiram as condições de vida da X. fastidiosa. Vanderlei Rodas, da Montecitros, afirma que a poda dos galhos que apresentam sintoma da doença tem se mostrado um método 100% eficaz no combate da CVC. "Faço a poda há quatro anos e os resultados são positivos", diz. Segundo Rodas, quando a doença atinge o primeiro fruto, a única solução é arrancar a árvore. "Caso contrário, a cigarrinha levará a bactéria para as demais árvores." A recomendação de Rodas é que a poda seja feita a 50 centímetros abaixo da folha atingida, entre janeiro e março. De março a maio, deve ser podado os 70 cm abaixo da folha doente. De maio a junho, a recomendação é de podar um metro abaixo. "A poda, folha-a-folha, tem custo de US$ 0,25 por pé de laranja", afirma Rodas. O empresário Luiz Roberto Porto, 49, que tem 150 mil pés de laranja em Cordislândia (sul de Minas Gerais), discorda do método proposto por Rodas. "Com a centimetragem recomendada para a poda, acabarei ficando sem o pé de laranja", diz. Em sua lavoura, Porto está aplicando no solo micronutrientes, como zinco, cobre e manganês. "Trabalho com a hipótese de que a bactéria ataca a planta que apresenta distúrbios nutricionais." A aplicação de agrotóxicos, com a pulverização das folhas, é uma prática desaconselhada por Santin Gravena. Segundo ele, a pulverização é um método antieconômico e antiecológico. "Há sempre a probabilidade de matar 99% das cigarrinhas e sobrar 1% que continuará transportando a bactéria", diz Gravena. Texto Anterior: Sintomas apareceram em 87 Próximo Texto: Vendas crescem 93% no mercado interno Índice |
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