São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Santillo aponta 'genocídio' de crianças

GILBERTO DIMENSTEIN; MÔNICA SANTANNA

GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
O ministro da Saúde, Henrique Santillo, disse ontem à Folha que ocorre no Brasil um "genocídio" provocado pela crise social. O "genocídio", segundo ele, está registrado no aumento da mortalidade infantil no interior do Nordeste e na periferia dos grandes centros, como São Paulo e Rio.
Na sexta-feira através de sua assessoria e no sábado em entrevista de avaliação da campanha de vacinação, o ministro havia dito que não julgava representativa a pesquisa da Pastoral da Criança (da Igreja Católica) que aponta crescimento na mortalidade infantil.
Ontem, o ministro disse que considera "importante" a pesquisa da Pastoral. Essa pesquisa constatou que, nos três primeiros meses de 94, houve uma elevação de 15% da mortalidade infantil –30% apenas no Nordeste.
"O Ministério leva muito a sério esta descoberta", disse Santillo. O levantamento foi feito junto a 1,3 milhão de famílias pobres espalhadas em mais de 2.000 municípios. Desde 1989, o índice de mortalidade entre essas famílias vinha caindo. Houve brusca elevação neste ano.
O Ministério da Saúde lança uma série de hipóteses para explicar o aumento da mortalidade. "É óbvio que a seca prolongada, combinada com o cólera e a desnutrição, teve forte influência", afirmou Santillo. Ele atribiu parte de responsabilidade à "vergonhosa" concentração de renda nacional.
O Ministério da Saúde vai lançar até o final do mês o "Cartão da Criança" para ajudar no combate à mortalidade infantil.
O cartão será a carteira de identidade do bebê e vai trazer informações sobre aleitamento materno e vacinação. Serão distribuídos nas maternidades 10 milhões de cartões, com custo de US$ 600 mil.
O anúncio foi feito ontem em Curitiba pela coordenadora materno-infantil do Ministério da Saúde, Zilda Arns Neumann. Ela informou também que o ministério vai distribuir 50 milhões de pacotes de soro de reidratação oral para combater a diarréia, principal causa da mortalidade infantil.
Colaborou MÔNICA SANTANNA, da Agência Folha em Curitiba.

Texto Anterior: Advocacia Geral ganha reforço
Próximo Texto: Gallotti assume, preocupado com os preços
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.