São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Presidente do TSE defende doações em cheque nominal

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) poderá exigir que as doações em dinheiro para candidatos e partidos sejam feitas em cheque nominal e cruzado.
"A exigência facilitaria a fiscalização do TSE sobre as doações e evitaria o uso dos bônus eleitorais para a lavagem de dinheiro", explica o presidente do TSE, ministro Sepúlveda Pertence.
Os bônus são uma espécie de recibo de todas as doações e sua apresentação é obrigatória na prestação de contas dos candidatos.
O tribunal teme que os bônus sejam trocados por doações de valor inferior e, assim, sirvam para a regularização de dinheiro de origem ilícita (lavagem).
A sugestão do uso do cheque nominal foi feita pelo Conselho Nacional de Contabilidade.
O TSE também estuda a possibilidade de exigir prestações de contas periódicas dos candidatos, que seriam apresentadas durante a campanha eleitoral.
Os dois temas devem ser decididos nesta semana pelo TSE, através de resolução sobre a obtenção e fiscalização de recursos na campanha.
Há dúvidas sobre a possibilidade jurídica da exigência de prestações de contas periódicas. "Não sabemos se o tribunal tem competência para dar essa orientação", observa o ministro do TSE Torquato Jardim.
A lei eleitoral diz que as prestações de contas devem ser enviadas à Justiça Eleitoral "até 30 de novembro de 1994". A dúvida é se o TSE tem poder para ampliar a determinação e exigir prestações de contas antes daquela data.
A obrigatoriedade do uso de cheques nominais é menos problemática, diz Torquato. A lei já exige que as prestações de contas tragam a relação dos números dos cheques recebidos pelo candidato.
"Só o número do cheque é insuficiente, pois não é fornecido o nome do banco. Se o TSE tiver que rastrear a origem do cheque terá dificuldades", explica Torquato.
O ministro não vê problemas nas doações feitas a candidatos antes da obtenção dos bônus eleitorais. "As doações serão regulares, desde que trocadas por bônus de forma retroativa", diz Torquato.
Sepúlveda e Torquato participaram ontem em São Paulo do "Seminário sobre Direito Eleitoral" na Faculdade de Direito da USP.
O seminário foi promovido pela faculdade, pelo Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado e pelo Instituto de Direito Público e Empresarial.

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