São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
Próximo Texto | Índice

Polícia prende suspeitos de chacina

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil prendeu ontem à tarde três "matadores" suspeitos de terem sido autores da chacina que fez 12 mortes anteontem em Taboão da Serra (Grande SP).
A polícia investiga a hipótese de os acusados pertencerem a um grupo de extermínio, mas não descarta a possibilidade de o motivo do crime ter sido uma "guerra de microtraficantes".
A chacina aconteceu em uma casa de quatro cômodos na rua Anunciata Ademaro Gentile, 71. Foi a maior já registrada no Estado de São Paulo, fora os casos ocorridos no sistema prisional.
Por volta das 2h30 de domingo, dez pessoas foram executadas deitadas no chão em um quarto, com tiros na cabeça.
Uma mulher de 75 anos foi morta na cama em outro quarto e outra mulher, na sala. Apenas um bebê de quatro meses foi poupado.
Os nomes dos acusados não foram divulgados. A polícia prendeu os "justiceiros" a partir de denúncias anônimas por telefone. No final da tarde, a Justiça ordenou a prisão temporária dos suspeitos.
Segundo o delegado que chefia o inquérito da chacina, Guaracy Moreira Filho, há um quarto suspeito de ter participado da execução, ainda não encontrado.
Moreira Filho investiga a hipótese de os "justiceiros" terem sido pagos por comerciantes do Pirajuçara (região onde ocorreu o crime), revoltados com os assaltos.
"Todas as vítimas da chacina não trabalhavam e a maioria praticava pequenos furtos", disse Moreira Filho.
O delegado, que classifica a ação dos assassinos como "audaciosa", investiga também a hipótese de ter ocorrido um "acerto entre traficantes pés-de-chinelo".
No manhã de domingo, foi preso o pintor de paredes José Gomes da Silva, na rua da chacina. Os policiais encontraram meio quilo de maconha na casa de Silva.
Segundo a polícia, Silva era ligado às vítimas da chacina, que também vendiam pequenas quantidades de maconha e crack.
Nesse caso, as mortes poderiam ser uma vingança contra microtraficantes que não pagaram dívidas.
"Quem matou e quem morreu ou é da mesma turma ou mora no bairro", disse Moreira Filho.
Amanhã, a polícia ouve o depoimento de Dolores Gabriela Jorgino, 30, que sobreviveu à chacina porque teria saído de casa para comprar cigarros.

Próximo Texto: Pirajuçara registra um homicídio a cada 2 dias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.