São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assessores do PT são assassinados no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Os assessores da presidência do PT no Rio, o advogado Reinaldo Guedes Miranda, 34, e o historiador Hermógenes de Almeida Silva Filho, 39, foram mortos a tiros na madrugada de ontem. Os dois eram também militantes do MNU (Movimento Negro Unificado).
A polícia informou ter encontrado os corpos, por volta das 3h, dentro do porta-malas do Gol de Miranda, estacionado na rua Guilhermina, no Encantado (zona norte do Rio).
Para o secretário estadual de Polícia Civil, Mário Covas, o duplo assassinato pode ter razões políticas. Miranda e Silva Filho trabalhavam na Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores.
A presidente do PT no Rio, vereadora Jurema Batista, 36, disse à Folha que esteve com seus assessores até 21h30 de anteontem.
Eles participaram de um seminário sobre segurança pública, ocorrido no Instituto Cândido Mendes.
"Depois eles foram me deixar em casa. Jamais pensei que uma coisa destas pudesse ocorrer", disse Jurema, para quem as mortes têm relação com atividades desenvolvidas pelos assessores na Comissão de Direitos Humanos.
A vereadora afirmou que Miranda e Silva Filho participavam de investigações sobre as chacinas da Candelária (oito mortos) e Vigário Geral (21), ocorridas no ano passado.
Após deixarem Jurema no Andaraí (zona norte), os assessores levaram Verônica Marques, que trabalha na Câmara, até o Engenho Novo (zona norte).
À 1h, eles foram vistos pelo colega identificado apenas por Papa-léguas, do MNU, em uma festa junina no Encantado, perto do local onde os corpos apareceram. Ninguém os viu depois disso, segundo a vereadora.
Jurema se reuniu pela manhã com o governador Nilo Batista e o secretário Covas, que deverá transferir o inquérito da 24ª DP (Delegacia de Polícia), em Piedade (zona norte), para a DDV (Divisão de Defesa da Vida).
O serviço secreto da Polícia Militar também investiga o caso. Os oficiais estão levantando os casos recentes atendidos pela Comissão de Direitos Humanos.
Histórico
Silva Filho era escritor e poeta. Escreveu "Ícone da Sedução", lançado este ano. Ele deixou uma filha de 20 anos.
Solteiro, Miranda era o assessor jurídico da presidente regional do PT.
Ele foi secretário da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou o massacre da Candelária. Os enterros estão marcados para hoje.

Texto Anterior: Fortaleza prepara 'guerra' contra dengue
Próximo Texto: Ladrões brigam para assaltar padaria no Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.