São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Diretor do Colégio Militar nega proibição

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, coronel José Carlos Codevila Pinheiro, negou que tenha havido ameaças de punição contra alunos, para não assistirem à peça "A Quarta Companhia".
Ele disse que inclusive almoçou ontem com quatro alunos que foram à peça. O coronel afirmou ter informações que na estréia compareceram seis alunos fardados "e 80 em trajes civis".
"Não há problema nenhum. Eles podem ir à peça, inclusive uniformizados." O coronel se recusou a comentar o teor da peça, que critica o sistema educacional do colégio.
"A peça é uma obra literária, é a versão do autor. Nos reservamos a não fazer maiores comentários."
O autor e diretor da peça "A Quarta Companhia", Desmar Cardoso, disse que são frequentes os casos de alunos que se suicidam por problema familiar e escolar.
Ele afirmou ter recebido informação que, há um mês, um estudante da Escola Naval se matou com um tiro na boca. O pai seria um oficial graduado da Marinha.
O garoto, segundo ele, morava na Barra da Tijuca (zona sul) e gostava de pegar surfe. Deixou um bilhete para o pai em que dizia: "Essa vida é a sua. A minha era o surfe".
Cardoso foi produtor de peças que falam, basicamente, do mundo dos adolescentes, como "Capitães de Areia", que fez sucesso há três anos, em várias cidades do país.
Ele disse que, em 93, chegou a guardar três reportagens de jornais que informavam sobre o suicídio de adolescentes por problemas na escola e dentro de casa.
Em um deles, um aluno do tradicional colégio Santo Inácio, em Botafogo (zona sul), se enforcou no banheiro de casa após ficar em recuperação em seis matérias.
Em dezembro passado, foi a vez de um menino de origem japonesa, que se jogou do oitavo andar após ser reprovado no vestibular. (RL)

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