São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Ator que representou Orfeu jogou com Pelé

ALBERTO HELENA JR.
ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

Breno era um crioulo alto, espadaúdo, com um perfil esculpido a cinzel, que mantinha erguido, enquanto disparava na direção do gol adversário.
Não chegou a ser um craque renomado, mas teve seus quinze minutos de glória, dentro das quatro linhas.
Revelou-se no Grêmio, de Porto Alegre, na segunda metade dos anos 50, como um artilheiro que, além de tratar bem a bola, encantava a acanhada torcida feminina nos estádios gaúchos.
Tinha, pois, charme suficiente para cumprir breve passagem no Santos, aquele Santos de Pelé e cia. Tão breve que não deixou rastros. Logo em seguida, foi para o Fluminense, onde trocou a curta carreira futebolística por meteórica passagem pelo cinema, como o Orfeu Negro inventado por Vinícius, o poeta botafoguense.
Só que, se Breno se dava bem com a bola e fotografava melhor ainda, cantar já era uma exigência acima de seus limites.
Por isso, foi dublado no filme de Marcel Camus (não confundir com Albert Camus, entre outras coisas, excelente goleiro da seleção argelina, autor do romance "A Peste") por Agostinho dos Santos, um mulato paulista, do Bixiga, precursor da Bossa Nova, desaparecido no célebre desastre de Orly.
Agostinho, por sinal, era um centromédio de respeito, defendendo com classe e raça as cores tradicionais do velho Boca Juniores da Bela Vista e do Aristocrata Clube, sempre procurando imitar José Carlos Bauer, o Monstro do Maracanã. De todos, o maior artista da bola.

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