São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Avanço dos laterais é destaque no teste

Raí já adquiriu a autoconfiança

TELÊ SANTANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quero começar com algumas palavras sobre o jogo de domingo, último da seleção brasileira antes da estréia. Foi o melhor dos nossos três últimos desempenhos nos EUA, mesmo considerando que o adversário, El Salvador, é pior que Canadá e Honduras: em 90 minutos, deu apenas dois chutes a gol.
Não sou contra amistosos com equipes fracas nas vésperas da Copa. Não importa que valham pouco como testes.
O importante é ganharmos –e bem. Empates, como contra o Canadá, não podem acontecer. Afetam o grupo, tirando confiança dos jogadores. Ainda bem que encerramos os preparativos com duas goleadas.
Gostei de ver o modo como os laterais se projetaram ao campo adversário. Claro que podiam ter realizado melhor as jogadas de linha-de-fundo. Quando chegam ali, Jorginho, Leonardo e Branco têm condições de criar lances mortais.
São jogadas que a seleção tem de explorar mais nesta Copa de defesas fechadas, de meios de área congestionados. O pênalti em Jorginho, por exemplo, nasceu de um avanço bem realizado. O lance do gol de Zinho, a mesma coisa. E o gol de Raí foi outra jogada de fundo: Jorginho pela direita.
Em resumo, muito bons os três nas ultrapassagens e não tão bons nas conclusões das jogadas.
Ótimo o Raí. Foi um dos pontos altos do amistoso vê-lo tão solto, tão mais senhor de si nos toques de bola. Já está adquirindo a forma. É visível sua autoconfiança. Só lamento que tenha entrado num meio-campo nada imaginativo. Principalmente no primeiro tempo, Dunga, Mazinho e Mauro Silva criaram pouco.
O meio-campo tem de criar, servir melhor os homens de frente. E os laterais precisam chegar pelas extremas, transformando-se em peças ofensivas adicionais. Estamos a menos de uma semana da estréia e acho que ainda há tempo para acertar esses detalhes.
A defesa brasileira não foi testada. Como disse, a seleção salvadorenha é a pior das três que enfrentamos aqui. Os canadenses, pelo menos, fizeram um gol. Honduras, dois. Já nossos adversários de domingo não ameaçaram. Uma bola para fora e aquele chute para o alto são muito pouco.
Pena que, mesmo diante de um ataque tão inofensivo, Ricardo Gomes tenha se machucado. Pena, mas não de todo preocupante. Temos excelentes zagueiros de área em condições de substituí-lo. Cléber é um. O técnico da seleção o conhece bem. Ronaldão é outro. Está jogando bem no Japão. Pode não ser tão eficiente com a bola nos pés, mas, na marcação, é melhor do que quase todos os que estão em Los Gatos.
O que me preocupou, vendo o jogo pela TV, de Dallas, foi Romário saindo de campo com a mão na virilha. Falaram em dores musculares, de um problema sem gravidade. Pode ser.
O médico da seleção entende do assunto mais do que eu. Mas dores musculares são uma coisa; virilha é outra. Fominha como Romário é, não querendo ficar de fora nem de treino, não sairia de campo por pouco.

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