São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 1994
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Coréia do Norte abandona a AIEA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A Coréia do Norte anunciou ontem sua retirada da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, das Nações Unidas).
O governo fez ameaça de guerra contra os países membros do Conselho de Segurança da ONU que votarem a favor de sanções econômicas contra o país.
A ONU deve começar a analisar a votação das sanções contra a Coréia do Norte entre hoje e amanhã.
As sanções são uma represália contra a Coréia do Norte, que não permitiu inspeções em suas instalações nucleares nos últimos 15 meses.
Existe a suspeita de que o governo comunista de Pyongyang tenha usado essas instalações para produzir armas atômicas.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Madeleine Albright, disse ontem que a resolução a ser votada no Conselho de Segurança prevê medidas para "punir a recusa às inspeções no passado e deter comportamentos inaceitáveis no futuro".
O Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte anunciou publicamente ontem que "as sanções da ONU serão consideradas imediatamente como uma ameaça de guerra".
O governo norte-coreano disse também que está considerando se continuará fazendo parte do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, que assinou em 1985.
Na sexta-feira passada, a AIEA decidiu suspender ajuda técnica e financeira de US$ 250 mil à Coréia do Norte por causa da recusa em permitir inspeções nas instalações nucleares em Yongbyon.
A decisão abriu o caminho para a votação no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, telefonou ontem para o presidente russo, Boris Ieltsin, para tentar convencê-lo a se posicionar a favor das sanções. Ieltsin ainda não teria dado uma resposta definitiva.
A China, que tem poder de veto nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, voltou a afirmar ontem que vai se posicionar contra as sanções.
Na votação realizada sexta-feira, que suspendeu a ajuda da AIEA para a Coréia do Norte, a China se absteve.
O vice-presidente da Comissão Militar Central da China, Liu Huaqing, reafirmou a "profunda amizade" entre as Forças Armadas chinesas e norte-coreanas durante reunião com o chefe das Forças Armadas da Coréia do Norte, Choi Gwang.
A Coréia do Sul mobilizou ontem todos os reservistas do país com idade inferior a 50 anos (um total de 6,6 milhões) para o maior treino contra ataques aéreos já realizado.
A operação, para treinar a população em caso de um eventual ataque norte-coreano, está programada para amanhã.

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