São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Governo fixará meta para aumento de reais

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Embora ainda falte definir no detalhe a regra de emissão do real, a linha básica está traçada. Cada real posto na praça será garantido (ou lastreado) por um dólar mantido em conta especial no Banco Central.
Essa paridade de um real para um dólar estará congelada. E haverá metas quantitativas para o crescimento da quantidade de reais em circulação.
Ainda não está definida a quantidade de reais da primeira emissão. O dinheiro hoje em circulação –dinheiro vivo, papel moeda e depósito à vista nos bancos, excluindo-se portanto todo tipo de papel e aplicacação financeira– equivale a aproximadamente US$ 3 bilhões.
Sabe-se que, sem inflação, essa quantidade deve aumentar, já que as pessoas não precisarão deixar todo seu dinheiro em fundões ou outras aplicações de curtíssimo prazo. Na época do Plano Cruzado (1986) o dinheiro em circulação aumentou seis vezes.
A equipe econômica acha que desta vez, como a economia não está aquecida, o crescimento será menor. Por enquanto, estão chutando algo como três vezes, o que elevaria o total em circulação a cerca de US$ 9 bilhões. Dada a paridade um por um, haveria então na praça R$ 9 bilhões.
Meta periódicaNão está definido se a equipe começaria logo com uma emissão de R$ 9 bilhões, ou se vai atender progressivamente à demanda por moeda viva. Em todo caso, a todos os reais postos em circulação corresponderão dólares.
A quantidade necessária de dólares para lastrear o real será retirada das reservas do Banco Central e deixada numa conta especial. A cada aumento dos reais em circulação, serão colocados dólares equivalentes nessa conta.
Depois da primeira emissão, o BC anunciará metas quantitativas –trimestrais ou semestrais, ainda não se sabe– para novas emissões.
Assim, se for trimestral, o BC anunciará em 1 de julho quantos reais haverá em 1 de setembro.
O aumento da quantidade de moeda em circulação não é necessariamente consequência da inflação. Pode ocorrer pelo próprio crescimento da economia (mais transações exigem mais moeda) ou pela redução das aplicações financeiras de curto prazo.
No caso do real, a equipe econômica pretende que só haja emissões para atender necessidades da economia. Mas terá, de qualquer modo, um problema de comunicação, o de convencer as pessoas que a entrada de mais dinheiro na praça não corresponde à eventual inflação em real.
Pretende-se fazer esse convencimento com a regra do lastro. Cada real a mais terá também um dólar a mais na conta-lastro do BC. E esta será a garantia da nova moeda.

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