São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Escolas recorrem ao Supremo contra MP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As escolas particulares vão descumprir a Medida Provisória (MP) das mensalidades até que seja julgada ação impetrada ontem pela Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) no Supremo Tribunal Federal.
O julgamento do pedido de liminar pode demorar até três semanas. Se for concedida, o efeito da MP é suspenso. O mérito só deve ser julgado no segundo semestre.
O setor jurídico do Ministério da Educação aconselha os pais a procurarem o Procon para passar a depositar mensalidades em juízo.
A ação encaminhada pela Confenen ao Supremo argumenta que a MP é inconstitucional. A confederação, que representa 35 mil escolas particulares, pede liminar suspendendo a medida.
Editada há uma semana pelo governo, a MP reduz o valor das mensalidades em 50%, em média.
Segundo a Confenen, a MP fere a Constituição porque não foi editada "em caso de relevância e urgência", como prevê o artigo 62.
"A medida invalidou ato jurídico perfeito, pois considerou inexistentes contratos que estavam legalmente celebrados", diz a ação.
A Confenen também argumenta a ilegalidade do efeito retroativo da medida para o mês de março, quando estava em vigor a lei 8.170, que regulava mensalidades.
O presidente da Confenen, Roberto Dornas, disse que com a MP as escolas "dificilmente aguentam funcionar além de junho". Ele admitiu que "também não pagaria" preço maior se tivesse filho em escola particular.
"Não estamos dispostos a fazer sacrifício", disse Withe Abrahão, diretor da Confenen. Ele reconheceu que as mensalidades "são impopulares", mas acredita que o Supremo "vai respeitar as leis".
A Federação Interestadual das Escolas Particulares (Fiep) entrou com um requerimento na Procuradoria Geral da República solicitando que proponha uma ação direta de constitucionalidade contra a MP das mensalidades. A Fiep diz que a MP "fere a garantia constitucional de proteção ao ato jurídico perfeito" –os contratos firmados entre escolas e alunos.

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