São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Cesta básica tem alta recorde em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Duas pesquisas diferentes apontam aumentos nos preços da cesta básica no varejo de São Paulo, às vésperas da troca de moedas.
Levantamento realizado pelo Procon em conjunto com a Fipe indica alta de 16,6% (em cruzeiros reais) na primeira semana do mês.
Foi a maior variação da cesta desde a criação da pesquisa, em maio de 1992. Na última semana de maio o aumento foi de 8,34%.
Os produtos da cesta já subiram em média 549,7% este ano, contra 524,1% de variação da URV até o dia 8. Só o arroz acumula 565,93% de dezembro até o dia 8.
Outra pesquisa conjunta do Procon e do Dieese identificou aumento de 4,69% no preço médio da cesta básica em URV em junho.
Desde a implantação da URV, em 1º de março, os preços já subiram 5,64% acima do indexador. Ontem o preço médio da cesta em São Paulo era de 100,9 URVs.
As carnes lideram as altas em URV este mês (veja o quadro ao lado). A de segunda acumulava 19,55% de aumento até ontem.
"Estão ocorrendo reajustes preventivos, embora os preços já tenham aumentado em fevereiro", diz Maria Inês Fornazaro, diretora do Centro de Estudos e Pesquisas do Procon paulista.
Maria Inês não encontra justificativa para aumentos como o da cebola (24% desde março, em plena safra).
Também não vê razões para altas de alimentos industrializados, os produtos com maior variação em URV desde o surgimento do indexador.
Despontam na frente queijo mozarela (83,81%), café (72,69%), extrato de tomate (35,71%) e leite em pó (32,24%).
Os alimentos lideram as altas da cesta em URV com 5,07% este mês, contra 3,18% dos artigos de limpeza e 3,08% dos de higiene.
É que a indústria de higiene e limpeza reajustou antes –na fase inicial da implantação da URV. Subiram, pela ordem, 8,90% e 8,74% de fevereiro até ontem.
No mesmo intervalo, os alimentos acumulam 4,90%. Como só este mês a alta foi de 5,07%, significa que chegaram a cair um pouco ao longo desse período.
Preço estável
Produtores de hortaliças e flores; comerciantes de pescado, frango e ovos iniciaram ontem coleta de dados para compor a primeira cesta básica cujos preços deverão ficar estáveis –no atacado da Ceagesp– por no mínimo uma semana, conforme compromisso firmado com o governo.
"Vamos sinalizar para os consumidores quais os produtos que terão maior oferta na semana, para que se evite especulação no varejo com a entrada do real", disse ontem Jumji Abe, diretor da Federação da Agricultura de São Paulo.
Ele negou que a medida signifique congelamento.
Na próxima sexta-feira os atacadistas se reúnem com produtores de hortaliças, flores, frango, ovos e pescado para definir que produtos apresentam preços mais baixos para recomendar à população.

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