São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 1994
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Cruzando novamente a América do sol

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Meus amigos, meus inimigos, lá vou eu com aqueles olhos azuis cantando "Chicago, Chicago". Ou, como dizia o Nat King Cole do tempo da Lorraine, procurando o Little Joe de Chicago.
Lá vou eu de novo cruzar a América, minha terra à vista. Do Velho Oeste para o quase leste total. Do mundo horizontal da Califórnia para o show dos prédios verticais de Chicago, Illinois.
Além da abertura da Copa, depois de amanhã, a notícia em Chicago é a chegada do garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones e acabou chibatado lá em Sing-Sing-Cingapura.
O show vai começar. A bola vai rolar. E a nau dos insensatos vai decolar. Para pegar quase 50 vôos e para ver um jogo por dia, em estádios e cidades diferentes, é preciso um equipamento de guerra.
Aí vai ele, ou melhor, vou eu:
1) Como, em alguns dias, pego um vôo antes do jogo e outro logo depois, é fundamental não carregar muito peso. Para escrever meus textos usarei um micro microcomputador de potência 486.
Isto quer dizer que o Compaq Contura Aero 4/25, que pesa cerca de 1,5 kg, tem a capacidade de qualquer um dos maiores computadores pessoais de mesa que você tem em casa ou no escritório.
Além dos textos, este meu supermicro pode conversar diretamente com os arquivos da Fifa (que dão todas as informações estatísticas, oficiais e históricas sobre a Copa do Mundo).
Posso também acessar várias agências noticiosas internacionais para acompanhar o noticiário de outras sedes e seleções, que não estarão na minha cidade naquele determinado dia.
O programa me permite, daqui dos EUA, pegar os arquivos sobre futebol no Banco de Dados aí da Folha, além de uma tabela com simulações das chances de cada time durante a Copa.
Mas, o mais importante destas maquininhas infernais é que elas permitem que eu envie meus textos prontinhos para entrar nas páginas da Folha, com os títulos já feitos por aqui. Ela também é um fax.
2) Um potente telefone celular Affinity da Gradiente, que permite que as matérias sejam transmitidas das arquibancadas dos estádios, dos táxis, dos aeroportos etc. Ganha-se tempo e agilidade.
3) Um "pager" (espécie de bip em que você pode ler a mensagem) Teletrim onde você pode ser localizado facilmente e onde pode receber informações em tempo real (quando elas ocorrem).
Como vou estar quase sempre em trânsito e em lugares em que o telefone celular ou não funciona ou não é permitido, o "pager" é o ponto de contato com o jornal e o pessoal que também cobre a Copa.
4) Cartão eletrônico especial para chamadas telefônicas Info Dialer. Este cartão "fala" a sua senha e os números que você usa mais. Facilita o trabalho e reduz os custos das chamadas e transmissões.
5) Uma potente, leve e ágil câmera fotográfica Canon Eos Elan, com teleobjetiva de até 300 mm, que permite fotografar os jogos até de longa distância.
6) Um microgravador Sony M-88 para as entrevistas, que elas existem.
7) Um relógio Pulsar com 26 horários de locais diferentes, incluindo os quatro fusos das cidades-sede da Copa por onde estarei (onde estarás?) e o do Brasil.
8) Chapéu, porque o calor nos estádios é maior do que o do meu tempo na magnética da rua 20 do Barretos Bulls.
9) Um walkman AM/FM dolby Sony. Porque ninguém é de ferro. E porque já que não dá para viver assim ao seu ladinho, o consolo é colar o ouvido no radinho, não é mesmo doçura?
Com aqueles mesmos velhos olhos azuis eu pularei de Chicago, Chicago, para New York, New York. Cheers, galera!

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