São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 1994 |
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'A Bilha Quebrada' reestréia na cidade
ANA BEATRIZ BRISOLA
Texto: Heinrich von Kleist Direção: Marcio Aurelio Elenco: João Carlos Andreassi, Marcelo Lazzaratto, Paulo Marcelo, Mônica Sucupira, Débora Duboc e outros Onde: Teatro Ruth Escobar - Sala Gil Vicente Quando: De 17 de junho a 10 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h Quanto: CR$ 12 mil (preço único) "A Bilha Quebrada", que tem reestréia hoje, traz para os palcos uma adaptação do texto escrito pelo dramaturgo alemão Heinrich von Kleist (1777-1811). Autor de peças como "O Anfitrião" e "A Família Ghonorez", Kleist tinha como temas a angústia e a solidão. A peça se passa num pequeno vilarejo da Holanda, dentro de um tribunal no qual o juiz Adão, personagem central da trama, acaba se transformando também em réu. Ele recebe a visita de um juiz corregedor que vem fiscalizá-lo e, no mesmo dia, recebe a queixa de uma parteira que deseja punição para quem desonrou sua filha, Eva. Está armado o cenário para as confusões e para o desmascaramento de Adão, uma figura grotesca que encarna o papel do corrupto em oposição à figura elegante do corregedor "à Clark Gable", como define o ator Paulo Marcelo, que o interpreta. A Bilha (moringa) do título é o objeto que fica na janela do quarto de Eva e que se quebrou quando alguém, que pulou a janela para desonrá-la, a derrubou. Falso moralismo "A peça mostra o falso moralismo que predomina na justiça, e sua corrupção generalizada, sem abandonar o objetivo de fazer o público rir", define o diretor do espetáculo Marcio Aurelio. O espectador pode identificar tanto os elementos cômicos e o escracho, quanto as sutilezas e ironias do texto. O tema político está presente na comédia também, segundo o ator João Andreassi, que interpreta o Adão. Andreassi julga seu personagem uma representação do coronelismo porque ele "abusa de sua autoridade". Ele acha, também, que a peça é, acima de tudo, engraçada porque o texto é bem construído, "o que permite que todos os personagens tenham o seu momento cômico no espetáculo". Prêmios A primeira montagem da peça, em 1993, recebeu três indicações para o prêmio Shell (direção, cenário e figurinos) e uma para o Mambembe (direção). Atualmente, ela é uma das indicadas para o prêmio de melhor espetáculo da Apetesp (Associação Paulista dos Empresários Teatrais de São Paulo), e volta ao palco depois de excursionar pelo interior do Estado. Segundo o diretor, este é o reconhecimento, por parte da crítica e da classe teatral, de uma peça que obteve grande empatia durante a primeira temporada. "Voltamos porque essa relação com o público ainda não se esgotou." Depois de encerrada, a montagem se transfere para o Centro Cultural São Paulo, onde permanece de 15 de julho a 28 de agosto. Texto Anterior: Poesia e informação interagem na BBC Próximo Texto: The Gallery serve almoço para não-sócios Índice |
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