São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Receita vai fiscalizar maiores empresários

EDIANA BALLERONI E SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto determinou à Receita Federal que prepare uma operação de fiscalização rigorosa sobre os dez principais empresários do país, para ser desencadeada após a criação do real.
O real entra em vigor no dia 1º de julho. A partir deste dia, a Receita estará analisando o Imposto de Renda das empresas escolhidas, dos seus donos, de suas mulheres e filhos.
Não há a intenção de gerar um clima de terror, mas sim de mostrar que o governo está disposto a agir.
Serão verificados o Imposto de Renda (pessoa física e jurídica), o pagamento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e das contribuições sociais.
A lista é encabeçada por donos de grandes redes de supermercados. Sinais exteriores de riqueza serão confrontados com as declarações de renda para checar se há compatibilidade.
Por exemplo, o empresário que possuir iate, mansão, fazenda e propriedades deverá ter pago ao Fisco um Imposto de Renda elevado nos últimos anos.
Irregularidades encontradas serão denunciadas à Justiça e, se necessário, haverá pedidos de prisão.
O endurecimento da fiscalização sobre os empresários contou com o aval do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero –embora a equipe econômica resista à idéia.
Os remanescentes da gestão do ex-ministro Fernando Henrique Cardoso são os que mais se opõem. Particularmente o assessor especial da Fazenda, Edmar Bacha, e o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Gustavo Franco.
FHC é o candidato tucano à Presidência da República. Uma virtual ofensiva sobre os empresários poderia afastar apoios importantes à sua candidatura.
A equipe argumenta que a ofensiva da Receita poderia provocar um clima de instabilidade nas relações com os empresários, que precisam apoiar o plano para evitar novos aumentos.
O Palácio do Planalto não aceita esse argumento. Contradiz afirmando que é preciso mostrar energia exatamente para que o plano tenha sucesso.
Na última quinta-feira, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) anunciou que está investigando o vice-presidente do grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, por sua declarações sobre remarcação de preços antes da implantação do real.

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