São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alegria é arma da Colômbia contra Romênia

MARIO CESAR CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

A Colômbia enfrenta hoje a Romênia no Rose Bowl de Pasadena, na Grande Los Angeles, com uma missão que pode decidir o destino do time na Copa 94.
O técnico colombiano Francisco Maturana disse em entrevista à Folha que quer conjugar o estilo "alegre" do time, como ele define, com vitórias.
"O Brasil de antigamente ganhava e mantinha seu estilo alegre. Fez isso por muito tempo. A Argentina também. Por que não podemos fazer o mesmo? Para ganhar não se pode renunciar ao seu estilo", defende Maturana.
Na Copa de 90, a Colômbia foi eliminada depois de uma brincadeira –o goleiro Higuita, fora do time de 94, tentou driblar um atacante dos Camarões e acabou tomando um gol.
Agora, segundo Maturana, não há espaço para esse tipo de coisa.
"Nos divertimos e tentamos divertir os outros. Mas ficamos sérios quando tem que se ser sério. Não vamos entrar em campo rindo", afirma.
No campo pode ser que os jogadores não gargalhem, mas o treino da Colômbia é uma farra. Os jogadores brincam de "bobinho": escolhe-se um qualquer para ficar no meio da roda e só se pode dar um toque na bola.
Enquanto o jogador que está na roda não pega a bola é chamado de "mu¤eca" (boneca).
Uma dessas farras decorre das idiossincrasias de Maturana: ele nunca treina o ataque, só define alguns movimentos dos jogadores.
"O ataque é intreinável. Não se pode treinar a fantasia. É algo que se sente, é inspiração. Não posso dizer ao Asprilla o que ele deve fazer. Ele inventa na hora", diz.
Maturana diz que uma de suas fontes de inspiração é a seleção brasileira de 70. "É uma obra de arte que todos nós queremos ter. Mas é complicado tê-la como modelo sem ter aqueles craques".
Mas Maturana tem algumas das virtuais estrelas desta Copa. Valderrama, o louro cabeludo, comanda o time do meio do campo para a frente junto com Rincón.
O ataque tem duas das estrelas internacionais: Asprilla, jogador de uma rapidez vertiginosa, comprado pelo Parma há dois anos por US$ 4 milhões, e Valencia, do Bayern de Munique, apelidado de "Trén", por causa da sua força para romper as amarras da defesa.
Asprilla sentiu dores na coxa esquerda no treino da última quinta-feira e é uma das dúvidas para o jogo de hoje. "É cansaço muscular. Acho que ele pode jogar", diz José Zapata, médico da Colômbia.
O técnico Maturana diz que não há favoritos na partida de hoje. "Respeito a Romênia porque eles têm jogadores muito bons."
Há dois romenos que ele considera muito bons: o meia Hagi, conhecido como "Maradona dos Cárpatos", e o atacante Raducioiu, reserva de luxo do Milan.

Texto Anterior: Aposta no esporte visa lucros
Próximo Texto: Estilo 'Valderrama cover' conquista a torcida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.