São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Estilo 'Valderrama cover' conquista a torcida

MARIO CESAR CARVALHO
DO ENVIADO A LOS ANGELES

Não, não são "drag queens", aqueles homens que se vestem de mulher à noite para dançar ou fazer sabe-se lá o quê. São os "Valderrama covers", o primeiro símbolo da Copa 94 que ganhou as ruas de Los Angeles.
A peruca imitando o cabelo sarará, louro e longo do meio-campista Valderrama é o uniforme da torcida colombiana.
Os colombianos não são só os torcedores mais barulhentos e ufanistas de Los Angeles.
Vêem uma eventual vitória da Colômbia como uma vingança contra a imagem negativa do país, considerado o produtor número um de cocaína no mundo.
"Torcemos pela vitória da Colômbia porque assim o mundo vai parar de enxergar o nosso país como um lugar em que só há máfia e cocaína", diz o estudante de direito Pedro Ruiz Pérez, 21, que veio de Bogotá para ver a Copa.
Cerca de 40 mil colombianos vivem no sul da Califórnia, segundo o consulado da Colômbia em Los Angeles. Estima-se que outros 15 mil vieram acompanhar a Copa.
O técnico da Colômbia, Francisco Maturana, não gosta da idéia de vingança, nem acha que um time de futebol seja capaz de mudar a imagem de um país.
"A imagem da Colômbia não vai mudar da noite para o dia", disse Maturana à Folha. "Nosso time é um refresco nessa imagem negativa. Vamos mostrar uma das imagens positivas do país."
Esse "refresco" pode parecer bobagem para não-colombianos.
Mas para o escritor Gabriel Gárcia Márquez, autor de "Cem Anos de Solidão", a seleção é uma das poucas coisas que unificam a Colômbia, dividida entre cartéis de traficantes de cocaína. (MCC)

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