São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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'Parreira sabe como eu jogo', diz Ronaldo

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SAN JOSE

O zagueiro Ronaldo Rodrigues de Jesus, 29, chegou aos Estados Unidos anteontem depois de uma viagem de 19 horas e meia, vindo do Japão. No hotel da seleção, pediu para fazer exercícios.
"É para diminuir o efeito da diferença de fuso horário. A gente tem que forçar o organismo a entrar no novo fuso", declarou.
Ronaldão, como ficou conhecido, quer ser titular da seleção. Sabe que a tarefa é quase impossível. "Mas o Parreira sabe como eu jogo. Prefiro ficar na esquerda da zaga. Mas posso entrar onde for necessário", disse.
O ex-são-paulino está no Japão desde fevereiro deste ano. Foi convocado para substituir o zagueiro Ricardo Gomes, cortado por causa de uma contusão na virilha.
Pelas regras da Fifa (órgão que controla o futebol mundial), Ronaldo herdou a mesma camisa de Ricardo Gomes. Mesmo chegando tarde, recebeu a camisa de titular, número quatro.
Com a saída de Ricardo Gomes, a seleção ficou sem um titular absoluto para a vaga de zagueiro do lado esquerdo. O preferido do técnico era mesmo Gomes. Com sua saída, Parreira pensava em dar o lugar a Aldair.
Mas Aldair está com dores musculares. Não tem treinado regularmente. A última opção ficou sendo Márcio Santos.
Parreira não gosta de improvisações. Deve mesmo começar o jogo contra a Rússia, na segunda-feira, com Márcio Santos –o jogador que era sua última opção no banco para a defesa. Por isso, Ronaldão acredita que tem chances.
"Estou completamente em forma. Tenho jogado no Shimizu toda quarta e domingo e já fiz dois gols de cabeça no campeonato", diz o jogador.
A notícia da convocação chegou por intermédio de sua mulher. "Ela me ligou às 6h da manhã. Eu estava em Toyama, na concentração, para jogar contra o Flugels. Joguei, ganhamos por 2 a 1 e nem passei em casa. Voltei para Tóquio e embarquei direto. Nem trouxe bagagem."
Ronaldão desembarcou nos Estados Unidos pesando 89 kg. Tem 1,87 m. Passou parte da viagem lendo o livro "Operação Cavalo de Tróia - 1", de J.J.Benitez.
Na sua camisa, o jogador vai pedir explicitamente para que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) escreva seu nome sem o aumentativo com o qual ficou famoso. "É horrível. Parece que sou um troglodita", disse ao chegar.
Pela primeira vez na história das Copas do Mundo os atletas terão seus nomes escritos na parte de trás das camisas. Uma idéia norte-americana, que ajuda os fãs a reconhecerem os jogadores em campo ou pela TV.
Como há dois Ronaldos na seleção –o outro é o atacante do Cruzeiro, de 17 anos–, a CBF havia cogitado de aplicar o nome "Ronaldão" na camiseta do zagueiro.
"O Raí é mais alto que eu e não o chamam de Raizão. Podem me chamar de tudo, de Ronaldo 2, de Ronaldo Rodrigues, mas não de Ronaldão", diz o jogador.
Depois de enfrentar o vôo da JAL que o trouxe de Tóquio a Los Angeles, Ronaldão teve que esperar três horas para fazer a conexão. Embarcou para San Jose em um vôo da Alaska Airlines.
San Jose tem o aeroporto na região de San Francisco mais próximo da concentração da seleção brasileira, em Los Gatos.
Ao chegar, o zagueiro vestia um terno azul-marinho, camisa azul clara e gravata e tom vermelho escuro. Impressionado com o Japão, profetizou: "Esse país vai ter um dos melhores níveis de futebol de todo o mundo em breve."

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