São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diana Ross perde penâlti e Clinton é vaiado na abertura

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Diana Ross perde pênalti e Clinton é vaiado na abertura
Show aéreo e danças típicas não conseguiram abafar as vaias que também atingiram o presidente da Fifa
A abertura da 15ª Copa do Mundo teve todos os ingredientes de uma grande parada americana.
Vaias ao presidente Bill Clinton, aviões caças sobrevoando o estádio e danças folclóricas dos 24 países participantes marcaram a festa.
Com o Soldier Field Stadium lotado (63.117, recorde do estádio), o Mundial de 94 começou com números grandiosos e cantores famosos.
Cerca de 2.500 jovens voluntários se espalharam pelo gramado, saudando os mais de um bilhão de espectadores que acompanharam a transmissão pelo mundo.
Os americanos não assistiram à cerimônia –as redes ABC e ESPN, autorizadas a trasnmitir, optaram por uma partida de golfe.
Antes do início da cerimônia, a disputa entre as torcidas era acirrada. Estampando faixas como "Somos invencíveis", os alemães gritavam pelo seu time e se abasteciam de muita cerveja, enquanto os bolivianos ensaivam passos de danças folclóricas.
Indiferentes à briga, os torcedores da Colômbia já exibiam o diferencial com que pretendem marcar a Copa, dentro e fora de campo: usando frondosas cabeleiras loiras e crespas, compradas por US$ 15, eles homenageavam o astro da seleção Valderrama.
Sob uma temperatura de 35 graus Celsius e com cinco minutos de atraso, a cerimônia começou às 13h20 (15h20 em Brasília), com a liberação de 35 mil balões vermelhos, azuis e brancos, as cores americanas.
Em seguida, surge a primeira estrela, a cantora Diana Ross cruzando o campo e cantando a música de boas vindas.
Antes de chegar ao palco, Ross deu um claro exemplo da habilidade americana em disputar o futebol: ao simular uma cobrança de pênalti, ela chutou para fora.
Acompanhada de 80 dançarinos profissionais, Ross cantou cinco músicas e preparou o terreno para a primeira manifestação de desagrado: a vaia ao organizador do Mundial, Alan Rothenberg.
A manifestação negativa continuou durante o discurso do presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol Association), o brasileiro João Havelange, que decretou, em espanhol, oficialmente aberta a Copa do Mundo.
Foi a senha para a festa das nações –576 bailarinos representaram as 24 nações participantes do Mundial, com danças típicas.
Segundo país a ser homenageado, a música do Brasil foi representada por um solo de cuíca. A maior vaia foi direcionada à Alemanha, graças à maioria de torcedores bolivianos presentes.
Já os aplausos entusiasmados sobraram para os Estados Unidos, com todos os voluntários dançando ao som de rock.
A maior manifestação, porém, veio em seguida, quando a apresentadora Oprha Winfrey (a mais famosa da televisão americana) anunciou o discurso do presidente americano Bill Clinton.
Procurando manter-se indiferente à poderosa vaia, Clinton homenageou o futebol e o esforço americano em sediar a Copa.
O contraponto aos apupos a Clinton veio em seguida, com a execução do hino nacional dos Estados Unidos por Richard Marx. Foi o ponto da festa mais festejado pelos norte-americanos, que vibraram com o desfile de bandeiras de seu país.
O final do hino coincindiu com o sobrevôo de quatro aviões tipo caça F-16 sobre o estádio.
O final da festa aconteceu com o músico Joe Secada interpretando blues, enquanto os voluntários dançavam o Baile Internacional das Nações.
No último número, Daryl Hall e o grupo "Sounds of Blackness" apresentaram o hino oficial da Copa, "Gloryland".
Encerrada a festa, cerca de mil pessoas deixaram o estádio antes de começar o jogo –eram os pais dos voluntários, que já não tinham mais o que ver.

Texto Anterior: Zagalo critica futebol 'festivo'
Próximo Texto: LANCES DA FESTA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.