São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994![]() |
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Claudio Cretti decodifica a pintura com seu desenho
CARLOS UCHÔA FAGUNDES JR.
Hoje, numa época em que o objeto é a meta fácil dos artistas jovens, borrando com mal-entendidos os limites entre as modalidades bi e tridimensionais, Cretti clareia relações e define melhor territórios de fronteira. Esta exposição mostra desenhos e "relevos", cada um afirmado em seu universo, mas com raciocínios conexos. Nos "relevos", Cláudio vai rasgando devagar faixas de fibra de vidro, e com elas forma redobras e encaixes criando uma superfície em suspensão. Esses relevos não ganham por inteiro a tridimensão, mas guardam ciosamente a natureza do plano. Sendo rasgos soltos, com encaixes moles, expandem-se no espaço. O modo de prendê-los na parede também acentua essa iminência expansiva, frisando seu dado corpóreo, mas também seu não-peso. Sobre a fibra de vidro, Cretti fixa pigmentos, cada um com suas características. Tudo à mostra: nenhum truque. Por aí os "relevos" fazem o inventário das questões da pintura, reinventando-a no espaço. O pensamento da pintura se compõe de três dados: o gesto ou recorte que cria seu corpo; a superfície, pulsando para dentro ou para fora, real ou virtual; o corpo de tinta. Se não faz pintura no sentido exato, investiga o raciocínio pictórico como soma de várias iminências. Cretti usa a pintura para problematizar o desenho e vice-versa. E com isso esclarece muitos caminhos. Exposição: Relevos e desenhos de Claudio Cretti Onde: Itaugaleria (av. Higienópolis, 462, São Paulo, tel. 011/825-1233, ramal 17) Quando: até 8 de julho, de segunda a sexta, das 10h às 18h. Texto Anterior: Beck reinventa a psicodelia para os anos 90 Próximo Texto: Campos ganha mostra de filmes inéditos Índice |
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