São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Delegado questiona número

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O superintendente da Polícia Federal de Roraima, delegado José Sidney Veras Lemos, disse que pode não ser 16 o número mortos em Haximu.
Ele só comenta a fase inicial das investigações, pois não acompanhou todo o caso.

Agência Folha - O sr. acredita que o número de 16 mortos está correto?
José Sidney Veras Lemos - Eu acho que esse número pode aumentar ou diminuir. Os indígenas não são precisos. Este número foi o mais concreto a que se chegou.
Agência Folha - No início do inquérito o sr. tinha elementos para afirmar que se tratava de um genocídio?
Lemos - Eu, enquanto autoridade policial, não tinha elementos para dizer isso no começo das investigações. A autoridade policial tem de estar embasada em provas.
Eu tinha apenas um esqueleto e uma maloca queimada. Um esqueleto não é genocídio.
Agência Folha - O sr. acha que as autoridades se precipitaram ao afirmar, logo no início, que se tratava de um massacre?
Lemos - As autoridades estavam movidas pela violência demonstrada na queima das malocas e pela Funai, que anunciou primeiramente 76 mortos.
Nosso ministro e nosso procurador-geral da República, como pessoas do povo, podiam dizer que houve genocídio, mas eu, enquanto autoridade policial, não tinha elementos para dizer isso no começo das investigações.
Agência Folha - A polícia conseguiu prender algum dos garimpeiros identificados apenas pelo apelido?
Lemos - A Polícia Militar prendeu um João Neto (nome de um acusado que consta da denúncia do Ministério Público) em São Mateus, no Espírito Santo, mas logo se verificou que era outra pessoa.
Agência Folha - Será difícil encontrar esses garimpeiros?
Lemos - O grande problema que tem surgido com relação à conclusão desse processo tem sido justamente encontrar testemunhas e acusados.
Isto porque as pessoas se referiam aos elementos que participaram da chacina pelo apelido.

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