São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Cesp monta esquema para evitar blecaute

Previsão de alto consumo após jogo do Brasil preocupa

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma situação rara, possível somente em jogos do Brasil na Copa, coloca em estado de alerta todos os setores responsáveis pela produção e transmissão de energia no Estado de São Paulo.
O problema é o alto consumo de energia esperado para logo após o jogo, previsto para terminar por volta das 19h45 de um dia útil, como acontecerá nas três primeiros partidas do Brasil.
O que preocupa é o ritmo de retomada das atividades, depois de algumas horas com uma forte queda no consumo de energia.
"O fenômeno coloca em risco o sistema elétrico e exige medidas para evitar blecautes e panes na distribuição", diz Mauro Arce, 53, da diretoria de produção e transmissão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
O temor é de que o reinício das atividades, junto com a iluminação pública noturna, transcorra a uma velocidade que as unidades geradoras não suportem. O sistema funciona automaticamente e necessita de equilíbrio entre geração e consumo de energia, diz Arce.
Em uma tarde de segunda-feira normal, o Estado consome 11 mil megawatts (MW). Estima-se que, a partir das 14h, com a paralisação da indústria e do comércio, a demanda comece a cair, atingindo até 8.000 MW durante o jogo.
A diferença de 3.000 MW equivale à capacidade da hidrelétrica de Ilha Solteira, no rio Paraná (noroeste do Estado), a segunda mais potente do país, atrás somente da binacional Itaipu.
Em 93, no jogo contra a Bolívia, em um domingo, a carga na região Sul-Sudeste do país subiu de 25 mil MW para 28 mil MW em apenas oito minutos.
A retomada também é sentida com intensidade no intervalo do jogo. Nesse momento, as pessoas espalham-se pelas casas, acendendo luzes e abrindo geladeiras.
Como precaução, a Cesp deverá manter todas as unidades de geração em funcionamento. "É como deixar um carro em ponto morto, pronto para ser engatado. Se o deixássemos desligado, teríamos problema", diz Arce.

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