São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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UERJ cria disciplina de sociologia do futebol

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Começa a ser ministrada em agosto na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) a disciplina Sociologia do Futebol, criada no Brasil e inédita no mundo.
Pertencente ao currículo do curso de Sociologia, a matéria também é aberta a outras faculdades que integram a UERJ.
O professor é Maurício Murat, que há quatro anos integra o núcleo de Sociologia do Futebol da UERJ, inspirado nos estudos de Sociologia do Esporte existentes há décadas na Inglaterra e na Alemanha.
"O futebol é o patrimônio mais importante da cultura popular no Brasil e o esporte que melhor revela a sociedade brasileira", diz Murat, 46.
Ele também é autor do romance "Todo Esse Lance que Rola - Uma Estória de Namoro e Futebol" (Editora Relume-Dumará, 1994).
As primeiras aulas mostrarão a forma ancestral do futebol, surgida no Oriente antigo.
"Eram rituais de lazer, religião e até de guerra na China, Índia e Japão", diz Murat.
Segue-se a origem moderna do futebol na Inglaterra a partir da Revolução Industrial, na segunda metade do Século 19.
Exportado pelos britânicos, o esporte chega ao país em 1894, quando negros, mestiços e operários eram proibidos de chutar bola pelos clubes elitistas que monopolizavam a novidade.
Negros já não precisam mais se cobrir de pó de arroz para jogar, como aconteceu no Fluminense do Rio de Janeiro.
"O futebol foi uma conquista popular no Brasil. Elitista de início, criou raízes na cultura nacional. Nele, o pobre se revela como capaz, se afirma socialmente e se integra na coletividade", afirma Murat.

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