São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Manhattan fez de Nova York a capital gay do mundo

DAVID DREW ZINGG
EM NOVA YORK

Os Jogos Gays aqui em Nova York escondem algumas lições simples. Em primeiro lugar, Manhattan se transformou na capital gay dos Estados Unidos –ou quem sabe, na capital gay do mundo.
Ninguém sabe ao certo, mas algo entre 500 mil e um milhão de gays e lésbicas, além dos turistas, vieram aqui para Nova York para os Jogos Gays. Todos os tipos de jogos.
Mais de 10 mil homens e mulheres de 44 países já estão credenciados como atletas. O Brasil está representado por uma imensa delegação de duas pessoas.
Homens e mulheres estão competindo pela cidade inteira –em várias arenas e piscinas, em campos de futebol (americano), rinques de patinação no gelo e até mesmo no Central Park.
Os tempos mudaram, disso não há dúvida. Quando tio Dave era garoto e vivia aqui, os tiras prendiam qualquer pessoa que fosse abertamente gay. Elas eram presas, acusadas de exibição impúdica, ou seja, atentado ao pudor.
Hoje os gays têm a lei a seu lado. É impossível deixar de vê-los. Eles estão usando camisetas espalhafatosas (uma das favoritas tem os dizeres "Coma Um Garoto No Café da Manhã" na frente).
Os atletas (de ambos os sexos) raspam as pernas para dar melhor definição a seus músculos, e (também de ambos os sexos) usam costeletas.
As coisas estão mudando por aqui, na Grande Maçã. 25 anos atrás a polícia de Nova York quebrou centenas de cabeças gays e lésbicas numa batalha contínua num clube homossexual de Greenwich Village, chamado Stonewall. Hoje a polícia está ajudando a organizar os jogos gays.
A mudança de atitude tem uma razão básica –aquela coisa antiquada e verde que iguala todo mundo: dinheiro.
A prefeitura de Nova York estima que vai ganhar US$ 100 milhões em lucros gays durante esta semana.
Até mesmo o presidente Bill Clinton escreveu uma carta efusiva dando as boas-vindas aos gays.
Talvez os candidatos como Lula e FHC estejam perdendo uma boa parada. Nunca se pode ter certeza em que direção tende o eleitorado aí de Sambalândia.

Tradução de Clara Allain.

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