São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Estudo mostra ineficácia da sanção econômica

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo do presidente Bill Clinton tem demonstrado que deposita grande confiança na eficiência de sanções econômicas como instrumento de política externa.
Mas um estudo preparado por Gary Hufbauer, do Instituto sobre Economia Internacional, mostra que a confiança nessa estratégia é negada pelos fatos.
Entre 1973 e 1990, os Estados Unidos usaram sanções econômicas contra outros países em 46 crises. Só em 8 elas essa forma de pressão teve alguma serventia.
Sanções fracassaram quando os Estados Unidos tentaram forçar a então União Soviética a se retirar do Afeganistão. Foram igualmente ineficazes quando se tratou de tentar fazer a China respeitar os direitos humanos.
Também não têm funcionado contra os militares do Haiti desde que o presidente Jean Bertrand Aristide foi deposto por um golpe de Estado, em 1991.
A explicação de Hufbauer é que a economia se internacionalizou muito desde o final da Segunda Guerra Mundial. Os fornecedores de bens, de tecnologia e de recursos financeiros são tantos que os alvos de sanções sempre encontram algum disposto a desafiar os embargos.
Mesmo quando existe grande consenso internacional sobre a necessidade de se isolar um país, como aconteceu com a África do Sul, muitos anos são necessários para se ajudar a construir a vontade política suficiente para alterar a realidade na direção desejada.
O pior, na opinião de Hufbauer, é que as sanções em geral prejudicam mais os pobres e dominados nos países que são alvo delas do que as elites.
Hufbauer também acha que as sanções constituem uma saída fácil do governo para mostrar aos eleitores que está fazendo alguma coisa para melhorar o mundo.
Ele prevê insucesso para todas as iniciativas de punições econômicas tomadas por Bill Clinton: Haiti, Bósnia e, agora Coréia do Norte. (CELS)

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