São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Comitê do real se reúne hoje pela 1ª vez

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os oito ministros da área econômica almoçam juntos hoje, no que será a primeira reunião de um comitê de acompanhamento do plano de estabilização.
O comitê tem propósito político: sustentar a posição do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, na defesa da integridade do plano.
Formado pelos ministros da Fazenda, Planejamento, Agricultura, Indústria e Comércio, Transportes, Comunicação, Previdência e Administração, será coordenado por Beni Veras, do Planejamento.
A idéia do comitê é de Ricupero, que a sugeriu a Veras quando começaram a aparecer ameaças ao plano dentro do governo.
No momento, Beni Veras identifica duas dessas ameaças: o reajuste de salários do funcionalismo e o controle das estatais, especialmente dos seus investimentos.
O reajuste salarial de 28%, em exame no Ministério da Administração, causa um aumento de US$ 7,5 bilhões nos gastos anuais do governo. Não existe dinheiro para isso, informa Veras.
E existe dinheiro para quanto de aumento? Neste momento, para nada, responde Veras. Conceder o reajuste seria estourar o orçamento e fazer inflação.
O gasto com salário do funcionalismo vai em 94 a US$ 24 bilhões. Vem subindo todo ano, desde a aprovação da nova Constituição, que conferiu diversas vantagens à categoria.
A proposta de Beni Veras é a de não conceder aumentos gerais. Depois do real, examinando-se o desempenho das finanças públicas, a idéia é acertar caso a caso.
Quanto às estatais, a batalha do momento é o controle dos seus investimentos. No projeto de orçamento, estão autorizados investimentos de US$ 7,2 bilhões.
Oficialmente, as diretorias das estatais não reclamam. Na prática, sabe-se que algumas delas prepararam emendas aumentando esses investimentos e conseguiram deputados que as apresentassem. Há emendas, por exemplo, concedendo mais US$ 850 milhões para a Petrobrás e mais US$ 1,2 bilhão para a Telebrás.
O problema, diz Beni Veras, é que as estatais não têm recursos próprios para esses investimentos. Assim, precisam tomar dinheiro emprestado no exterior e o governo não quer o aumento de seu endividamento.
Esses dois problemas –salários e investimentos– terão decisão final do presidente Itamar Franco. Ao organizarem o comitê de ministros da área econômica, Ricupero e Veras pretendem levar posição única ao Planalto.
Além disso, diz Veras, é preciso que todo o governo assuma com convicção o esforço de combater a inflação.

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