São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Ambientalistas apontam risco de câncer

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um vídeo e panfletos produzidos pela seção brasileira do Greenpeace afirmam que os produtos químicos liberados pela fumaça da usina podem causar câncer.
O vídeo apresenta crianças norte-americanas, que moram próximas a usinas, com a doença.
Em um trecho, o panfleto afirma que a queima do lixo produz "dioxinas", que são "as substâncias mais tóxicas e acumulativas (não são eliminadas pelo corpo) conhecidas pela ciência."
Os moradores criticam o projeto, lembrando que a usina será construída entre um posto de saúde, uma escola e um conjunto habitacional construído em mutirão.
O secretário Barros defende seu projeto. "A usina não polui e não tem nenhum cheiro. O padrão de controle ambiental é europeu. As críticas estão sendo feitas por pessoas mal informadas ou com interesse político", diz.
Segundo o engenheiro Antonio Derato, responsável pela usina que será construído pela empreiteira Etesco, ela não traz riscos à saúde. "Ela tem a mesma tecnologia de usinas que existem há anos nas principais cidades da Europa."
A usina usa um sistema de filtro eletrostático. Usando corrente elétrica, ele cria um campo magnético que prende as partículas de poluição, evitando que elas saiam pela chaminé.
Nair Rezende, do Movimento de Saúde da Zona Leste, duvida da segurança da usina. "Se até uma fogueira produz fumaça, imagine a queima de 2,5 mil toneladas de lixo por dia."
A terceira usina de incineração deve ser construída no Parque Anhanguera, mas o local ainda está em estudos.
"Vamos deitar na frente aos tratores se isso for preciso para impedir a construção da usina no bairro", diz Nair
A usina de São Mateus (zona leste) será construída por um consórcio entre a Vega-Sopave (grupo OAS) e a italiana Martin. A usina de Santo Amaro (zona sul) está a cargo da Etesco, consorciada a De Bartolemeis, francesa.
O financiamento para a construção das usinas foi obtido pelos consórcios em bancos do exterior.
Pelo contrato com a prefeitura, eles vão construir as usinas e poderão operá-las por 20 anos. Depois desse período, as usinas passam para a prefeitura. (LHA)

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