São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Ratos atacam crianças e adultos em SP

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ratos já estão mordendo mais adultos do que crianças e bebês em São Paulo.
Dados da Divisão de Zoonoses da prefeitura mostram que a cada três dias duas pessoas com idades entre 15 e 45 anos são atacadas na cidade.
A cada quatro dias pelo menos uma criança com até 15 anos é mordida por ratos em São Paulo.
Entre os 517 casos registrados em seis hospitais da cidade, no ano passado, 237 (46% do total) eram de pessoas com 15 a 45 anos.
Outros 201 casos (39%) eram de bebês e jovens de até 15 anos.
Em 1987, 55,4% das vítimas tinham até 15 anos e 31,6% tinham de 15 a 45 anos.
Para o pesquisador Minekazu Matsuo, da prefeitura, uma das possíveis explicações para o fato é a recessão econômica e o desemprego. "Os adultos ficam mais tempo em casa e aí são atacados."
As favelas são o principal foco dos ratos, segundo os técnicos da prefeitura. Lá eles encontram lixo e restos de comida, o que garante a proliferação da espécie.
Quando não acham restos de alimentos, os ratos atacam os humanos. Bebês indefesos e adultos dormindo são alvos fáceis.
Segundo Matsuo, uma mordida de rato pode deixar sequelas pelo resto da vida –de membros mutilados a rostos deformados.
O perigo, segundo ele, está nas bactérias que habitam entre os dentes dos ratos. Os dentes dos roedores são como navalhas, produzem cortes profundos. Se o ferimento não for tratado, pode surgir uma infecção grave.
A maior parte das mordidas ocorre nas mãos (54%), pés e pernas (23%) e na cabeça (22%).
"A vítima de mordedura fica dominada por um sentimento de horror e as cicatrizes emocionais e mentais são muitas vezes mais traumatizantes que as físicas", afirma Matsuo.
Estima-se que São Paulo tenha hoje entre 70 milhões e 100 milhões de ratos. Equivale de 7 a 10 ratos por habitante.
"Estamos perdendo a guerra contra os roedores", afirma Isabel Amparo, diretora da divisão de controle de roedores e vetores da prefeitura.
Isabel culpa as más condições de vida da favelas e cortiços. Segundo ela, a prefeitura gasta 20 toneladas de raticida por ano, que custam cerca de US$ 340 mil.

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