São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Commodities continuam atraentes com real

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Pires da Costa, diz que os fundos de commodities deverão continuar atraentes no Plano Real.
Eles permitem a retirada a qualquer momento com rendimento –passada a carência de 30 dias– e têm elevada rentabilidade.
Pires da Costa entende que o governo deveria eliminar a cobrança do IPMF nos resgates das aplicações. "Não faz sentido se cobrar 0,25% de IPMF numa inflação de 1% a 2% ao mês", diz.
Os fundos de commodities foram criados por sugestão da BM&F e aplicam em títulos de renda fixa e papéis agrícolas.
Os administradores dos fundos costumam realizar operações na BM&F como forma de proteger os recursos das oscilações, por exemplo, das taxas de juros (mercado de depósito interfinanceiro).
A expectativa do dirigente para o Plano Real é de uma queda nas taxas inflacionárias até dezembro. Isso deve produzir menor variação de preços e maior volume de contratos na BM&F, diz.
O volume de contratos na BM&F é crescente, passando de 42 milhões em 1992, para 60 milhões em 1993. Para 1994, a previsão é movimentar 75 milhões de contratos.
Para ele, o sucesso do Plano Real será assegurado até dezembro pelo controle da moeda em circulação e pelo poder de fogo das reservas internacionais de US$ 38 bilhões.
A continuidade da estabilização a partir de janeiro vai depender da realização de reformas estruturais. "O combate ao déficit público não está assegurado, pois não houve a revisão constitucional", diz.
A ciranda financeira deverá continuar, enquanto houver déficit público, que faz com que o governo emita papéis públicos, com juros cada vez maiores, diz.
O dirigente acredita que os juros reais (acima da inflação) serão elevados no início da nova moeda para evitar fuga para o consumo.
Ele estima que a rentabilidade nominal (sem descontar a inflação) das aplicações financeiras deverá cair de 50% este mês para entre 7% e 8% em julho como resultado do Plano Real.
Pires da Costa acredita que a estabilização econômica deve provocar um aumento no volume de contratos na BM&F, principalmente nos mercados agrícolas.
Os contratos agrícolas são de longo prazo (180 dias em média) e a inflação acima de 40% dificultava as projeções de valor futuro e a realização de negócios.
A entidade está debatendo com a Receita Federal fórmulas que viabilizem os negócios. Não é permitida, no momento, a compensação fiscal de ganhos e perdas entre o mercado físico e o futuro de produtos agrícolas.
A entidade está aguardando, também, autorização do Banco Central para promover sua internacionalização com a criação de contas de débito e crédito com o exterior. O presidente da BM&F diz que a entidade –por já ser a quinta Bolsa do mundo em futuros– tem condições de liderar os negócios no Mercosul.

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