São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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Parreira diz que tem o melhor ataque
MÁRIO MAGALHÃES
"Em tese, eles formam o melhor ataque do mundo. Na prática, vão ter de provar em campo." O 41º jogo de Parreira na seleção brasileira, desde que voltou a dirigi-la, em outubro de 1991, é na opinião dele o mais difícil na primeira fase da Copa. Os outros são contra Camarões e Suécia. "Além de ser a estréia, o que torna a partida mais tensa, os russos tocam bem a bola, são ótimos em cobranças de faltas e excelentes em contra-ataques." Nos 24 dias de treinos nos Estados Unidos, Parreira preocupou-se especialmente em aprimorar três jogadas ofensivas. A primeira, de bola parada (a partir de faltas, laterais e escanteios). "Pelos primeiros jogos nessa Copa já se pode prever índice semelhante ao do Mundial de 90, quando 45% dos gols foram feitos em bola parada", disse o técnico. Quando a bola estiver próxima à área, as faltas serão cobradas pelo meia Raí, pelo lateral-esquerdo Leonardo e por Bebeto. A segunda preocupação de Parreira é a movimentação de Bebeto e Romário, aproximando-os às vezes do meio-campo. "Se eles ficarem parados, não conseguirão fugir da marcação", acredita. A terceira obsessão ofensiva do técnico são as "ultrapassagens", jogadas em que o lateral passa por um meia ou atacante que está com a bola, para recebê-la mais à frente, de onde cruza para a área. Depois do último treino coletivo, anteontem, Parreira conversou 6 minutos a sós com o lateral-direito Jorginho. Gesticulando, o técnico pediu-lhe para fazer mais vezes a "ultrapassagem". Parreira não acompanhou a seleção ontem ao local do jogo, o estádio de Stanford. Foi a Pasadena (Estado da Califórnia) assistir à partida entre Suécia e Camarões, adversários no grupo B do Mundial. A comissão técnica fez uma projeção segundo a qual são necessários 6 pontos para se classificar à segunda fase (oitavas-de-final). Na primeira fase há três jogos. Cada vitória dá três pontos. Empate, um. Parreira pediu e ninguém admite favoritismo na competição, apesar do fracasso da Itália no primeiro jogo (derrota por 1 a 0 para a Irlanda) e das dificuldades da Alemanha para vencer a Bolívia (1 a 0). "Nas últimas cinco Copas o Brasil foi considerado favorito e não ganhou nada", disse o técnico. "Não vamos cair nessa armadilha. Os favoritos são Itália, Alemanha, Argentina, Holanda." O coordenador Mário Lobo Zagalo disse a mesma coisa, mas respondeu a supostas declarações do técnico da Rússia, Pavel Sadyrin, que teria menosprezado a seleção brasileira. "Ele tem que ficar na dele porque os russos só são campeões em subida à Lua. O Brasil é que é tricampeão mundial de futebol." A seleção brasileira tem um motivo suplementar para vencer o grupo B: caso a Alemanha seja a primeira colocada no grupo C, as duas equipes só se enfrentariam na final, dia 17 de julho, se não forem eliminadas antes. Durante toda a semana, sempre à noite, os jogadores assistiram a uma fita de vídeo com edição das quatro últimas partidas da seleção russa. Além de Parreira, os "espiões" Júnior e Jairo dos Santos falaram sobre o adversário. Mesmo que a temperatura não chegue aos 30 graus Parreira acha que os russos serão prejudicados pelo calor da Califórnia. "Se mantivermos o mesmo ritmo até o final do jogo dificilmente perderemos. Por isso que, se alguém estiver cansado, vai ser substituído imediatamente." Os dois jogadores mais cotados para entrar no segundo tempo são o meia Mazinho e o atacante Muller. No lugar do meia defensivo Mauro Silva, Mazinho tornaria a equipe mais ofensiva. Muller pode substituir Romário, se este cansar, ou o meia Zinho, para o time ter um atacante a mais. Texto Anterior: Começa o Gay Games: Rambonecas em desfile! Próximo Texto: "Não se briga por posições" Índice |
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