São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Vamos torcer para que o Brasil surpreenda a nós e ao mundo

MARCELO FROMER E NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nós temos que torcer para que o futebol sul-americano, africano e até mesmo o futebol asiático surre o futebol europeu. Só assim salvaremos a Copa do Mundo de sua falência inevitável.
Por que se dependermos de espetáculos como o que foi proporcionado por Itália e Irlanda por exemplo, na próxima Copa não serão só os americanos que desistirão desse esporte, mas o resto do mundo também.
Apesar das derrotas dos times da nossa América do Sul, não há por que condená-las. De que adianta criticar a Colômbia por insistir em jogar pelo meio, acreditando na indiscutível qualidade técnica de seus meio-campistas?
É justamente disso que o futebol está precisando, de algo que contrarie essa mania obsessiva de acreditar no que dizem as estatísticas, o futebol que se alimenta dos bancos de dados, o futebol previsível.
O "futebol moderno" ataca com os laterais? Muito bem, então vamos torcer para que todos os gols da Colômbia saiam pelo meio, depois de seus atacantes driblarem dez vezes o mesmo adversário.
Mas os adeptos dos computadores e das estatísticas terão seu argumento óbvio: a Colômbia perdeu. Perdeu por que não jogou tão bem assim, por que não variou as jogadas, por que perdeu lá suas chances de gols e por que o time da Romênia surpreendeu com um futebol interessante, coordenado pelos pés de um craque incontestável.
Mas, afinal de contas, porque falar de tudo isso? Simplesmente por que o Brasil estréia hoje e cabe ao Brasil salvar esse Mundial.
O Brasil tem condições de jogar muito melhor que a Colômbia e que todos os outros também. Mas será que vai jogar?
A grande missão do Brasil nessa Copa é a de surpreender. Surpreender ao mundo com um futebol impossível, um futebol que não encontra explicações nos manuais, um futebol que só existe na cabeça dos craques.
Surpreender a nós mesmos que em tantos artigos apregoamos que o Brasil vai perder mais essa Copa. Surpreender a toda a torcida que ainda não viu o escrete jogar solto, fluente e criativo.
Só queremos que o Brasil faça aquilo que sempre soube fazer: surpreender a todos, com o melhor futebol do mundo.

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