São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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Irlandeses comemoram seu 'maior triunfo'
SÍLVIO LANCELLOTTI
À tonalidade reluzente dos seus gramados, dos seus parques arborizadíssimos, das suas reservas naturais, somou-se o verde feliz dos torcedores da Irlanda, espiritual e fisicamente embriagados depois da vitória da sua seleção sobre o time da Itália. "Foi o maior triunfo da história do nosso futebol", contou à Folha o empolgado Tony Moore, um industrial de madeira em Dublin, abraçado à esposa Kathy e a duas canecas gigantescas de cerveja Guiness, na noite de sábado, no bar, claro, The Green, ou "O Verde", em Nova York, coração da festa dos irlandeses. Moore lidera um grupo de vinte viajantes que pagaram, cada um, cerca de US$ 2.500 pela passagem de avião, a estada nos EUA e os ingressos dos três jogos da sua seleção na fase inicial do Mundial. Pergunto como conseguirão novas entradas, agora que a Irlanda praticamente assegurou a sua classificação às oitavas-de-final. "Ainda não pensamos no assunto", ele ri, brincando com a trança de cabelo plástico, verde, logicamente, que pende do seu boné. A platéia exulta e canta, desde os "jigs", ritmos tradicionais de sua terra, até paródias de "Arriverdeci Roma" e do napolitano "Sole Mio". A celebração ocorre sem exageros, além do abuso do álcool. Estacionados nas redondezas do bar, seis policiais apenas acompanham, discretamente, a farra dos torcedores. Alguns deles, aliás, muito famosos. Sean ConneryPercebo num canto do Green a figura do ator Sean Connery. Duas turistas correm em busca de um autógrafo do 007: Olwyn Sheridan, dona de uma empresa de pavimentação de parques infantis, e sua prima Kathy. Na confusão do boteco, Kathy tropeça num degrau e vai ao chão. Depois se descobrirá que luxou o ombro canhoto, a ser imobilizado num hospital. Connery me ajuda a levantar a moça. E me conta que Dublin, a cidade do escritor James Joyce, ironicamente não pode comemorar o sucesso da sua seleção: "Uma greve de trabalhadores fechou todos os pubs de lá". `La Bamba' Em cima de uma banqueta, Larry Mullen, o baterista do grupo de rock U2, martela um tambor tonitroante e comanda um brado de guerra: "You got Baggio, we have got Paul McGrath". Todo o Green adere à gozação: "Vocês tiveram Baggio, nós tivemos Paul McGrath". Então, de repente, alguém começa a entoar "La Bamba" e a festa dos irlandeses se torna internacional. Moore relata que 22.000 irlandeses atravessaram o Atlântico em busca do Mundial. Nenhum deles imaginava a onda esmeralda que se deitaria sobre Nova York e Nova Jersey logo no dia da estréia da sua seleção. Agora lhes resta correr atrás dos tickets que não compraram. Texto Anterior: Echeverry e Nadal estão fora da primeira rodada do Mundial Próximo Texto: Itália tenta reagir com ajuda de um psicólogo Índice |
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