São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Holanda estréia como favorita do grupo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Uma das maiores surpresas da primeira fase da Copa do Mundo seria uma vitória da Arábia Saudita sobre a Holanda hoje à noite em Washington.
A Arábia Saudita tem uma chance em 500 de se sagrar campeã, segundo as bolsas de apostas nos EUA.
A Holanda, embora esteja longe dos seus tempos de "Laranja Mecânica", quando foi vice-campeã mundial duas vezes (1974 e 1978), aparece logo atrás de Brasil e Alemanha (e de Itália até anteontem) como possível campeã na opinião dos apostadores norte-americanos.
No Estádio Robert Francis Kennedy, a partir das 19h30 locais (20h30 em Brasília), será possível se testar até que ponto o dinheiro pode comprar qualidade em futebol.
A família real saudita não tem poupado recursos para fazer de sua seleção um time respeitável pelos grandes do futebol. Cada jogador do time ganhou US$ 100 mil pela classificação à Copa.
Os resultados têm sido bons. Afinal, esta é a primeira vez que os sauditas se classificam para uma Copa. Mas ninguém de bom senso espera que eles sejam capazes de obter mais do que um empate nos jogos de sua série.
Como todos os outros jogos em Washington, o de hoje também está com lotação esgotada há semanas. Ao contrário do que aconteceu ontem, no entanto, a maioria absoluta não vai torcer para nenhum dos dois times.
Só 8 mil holandeses e algumas dezenas de sauditas vieram a Washington para assistir a partida entre suas seleções.
A renda per capita dos torcedores sauditas no estádio, no entanto, será centenas de vezes superior à dos holandeses. Quase todos os sauditas são da família real ou da nobreza. Os holandeses são na maioria da classe operária ou de classe média baixa.
Violência
A torcida holandesa é uma das fontes principais de preocupação da polícia de Washington. Os fãs de futebol na Holanda são considerados os mais agressivos da Europa depois dos ingleses.
Mas Adrian Stock, o diplomata da embaixada holandesa em Washington que cuida da Copa, disse ontem à Folha que ninguém precisa temer os torcedores holandeses: "Eles só vão se pintar de laranja, cantar nas arquibancadas e chamar a atenção da cidade pela alegria".
A seleção da Arábia Saudita é a única das participantes da Copa concentrada em Washington. Os jogadores treinam no campo da Universidade de Georgetown e estão hospedados no Grand Hotel, um dos mais caros da cidade, dos raros com banheiras de legítimo mármore de Carrara nos quartos.
Os holandeses, que estão concentrados em Orlando, Flórida, treinaram no sábado para o jogo de hoje no mesmo campo usado pelos sauditas.
Ausências
Os dois melhores jogadores da Holanda não vieram para a Copa: Ruud Gullit preferiu ficar fora da seleção e Marco Van Basten se machucou.
A ausência dos dois diminui muito as chances da Holanda nesta Copa. Mesmo assim, ela continua como um dos melhores times. O centroavante Dennis Bergkamp, que fez sete gols nos oito jogos da fase classificatória, é o principal astro do time. O meio-campo Frank Rijkaard é outra atração.
Entre os sauditas, só "o Pelé do Deserto", Majed Abudllah, tem alguma fama fora de seu país. Ele tem 35 anos, já jogou 165 vezes pela seleção e está fora de forma.
A única outra atração do time saudita é o técnico, o ex-jogador argentino Jorge Solari, que foi recomendado pelo presidente de seu país, Carlos Menem, ao rei Fahd, em março deste ano para assumir o cargo. Solari, 52, é o quarto técnico do time em um ano.

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