São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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Gay Games têm representantes de 44 países
FERNANDO CANZIAN
Cerca de 40 mil espectadores e 10 mil atletas participaram na noite de sábado da cerimônia de abertura no Wien Stadium, ao norte de Manhattan. Desfilaram delegações de 44 países. A abertura dos Gay Games teve clima de escracho. As 40 mil pessoas faziam a "ola" (quando a torcida levanta os braços e o corpo) com apenas uma das mãos e gritavam "uau" ao mesmo tempo. Uma banda de música desafinava de propósito enquanto bailarinos vestindo calças rosas e roxas dançavam e atiravam bastões e bandeiras para o alto. Em San Francisco, na Califórnia, houve ontem passeata pelo Dia da Liberdade das Lésbicas e Gays (leia texto nesta página). Vaias A cerimônia de abertura, muito organizada apesar das brincadeiras, só ficou séria quando o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, discursou. Giuliani, que fez cortes no orçamento municipal deste ano em programas para doentes de AIDS, foi muito vaiado e ninguém parecia prestar atenção no que dizia. Pouco depois, começaram a entrar no estádio as delegações dos países representados nos Gay Games. O público retomou o espírito do início. A delegação do Brasil, que tem um time de vôlei e dois atletas competindo em provas de atletismo, foi a sexta a entrar. Os brasileiros vestiam calções pretos justíssimos, camisetas cavadas brancas com a inscrição "Brasil" em verde e amarelo e carregavam a bandeira brasileira. A equipe da Holanda –que vai sediar os próximos Gay Games, em 1998– entrou vestida de amarelo com chapéus que pareciam bolas e guarda-chuvas. Foi a que mais chamou atenção. A maior parte do público no estádio era de homossexuais masculinos. Havia dezenas de casais de namorados e gays mostrando os mais diferentes tipos de roupas. Dois americanos, por exemplo, pintaram as cabeças raspadas de prateado e vestiam apenas calções de cetim cor de prata e botas da mesma cor. Um casal de lésbicas também tinha as cabeças raspadas e tatuadas. Dois instrutores traduziam na linguagem dos surdos-mudos o que estava sendo anunciado pelo microfone para cerca de 20 gays e lésbicas sentados em uma área reservada do estádio. Segurança O estádio de Wein fica algumas quadras ao norte do Harlem, um bairro de predominância negra e considerado perigoso em Nova York. A polícia armou uma verdadeira operação de guerra na área para evitar problemas. Havia policiais em todo o trajeto entre o estádio e a estação de metrô mais próxima, a 125th Street. Vários guardas, no topo de alguns prédios, vigiavam toda a região. Não foram registrados incidentes. Texto Anterior: Europeus dominam Grupo F Próximo Texto: Brasileiros integram passeata Índice |
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