São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994 |
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Euforia dá tom a comédia
INÁCIO ARAUJO
Produção: EUA, 1990, 90 min. Direção: Bill Murray, Howard Franklin Canal: Globo, 22h30 A Globo sinaliza o que pretende para hoje: uma vitória do Brasil capaz de levar a população à euforia. A parte da população que não sair para as comemorações tem direito também à euforia, com esta comédia por duas ou três razões superior à média. É verdade que Bill Murray e Howard Franklin, a dupla de diretores, está longe de um John Landis –o grande cultor contemporâneo da comédia– por exemplo. Landis prolonga uma linhagem em que o riso não é uma circunstância, mas a própria alma do que se tem a dizer. Em "Não Tenho Troco", não existe essa integração sofisticada entre fundo e forma. Estamos no território da comédia ingênua, desde o instante em que Murray se fantasia de palhaço para assaltar um banco (para o qual ele, personagem, bola uma encenação circense). Em seguida, vem a fuga. E logo se constatará que é muito mais fácil, em Nova York, roubar um banco do que chegar ao aeroporto e fugir. O filme alinhava uma série de "gags" em que a situação penosa dos criminosos coincide com a euforia que o humor é capaz de transmitir ao espectador. É, nesse sentido, algo que se aproxima da comédia pastelão dos anos 10, inclusive porque leva o espectador a identificar-se com os assaltantes: todos vítimas da loucura urbana das grandes cidades. "Não Tenho Troco" pode não ser um momento inesquecível da comédia, mas articula convenientemente essa idéia. É, em suma, um filme que vem a calhar em caso de vitória do Brasil. Em caso de derrota servirá, pelo menos, para fazer esquecer as mágoas. Hoje a coluna de JOSÉ SIMÃO está publicada no caderno "Copa 94" Texto Anterior: 'Maria Moura' vence ao encarar a feiúra Índice |
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