São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 1994
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Para Carter, crise coreana acabou

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, disse ontem ao presidente Bill Clinton que, na sua opinião, a crise da Coréia do Norte está encerrada.
Carter visitou as Coréias do Sul e do Norte na semana passada, como cidadão comum, para tentar diminuir a tensão criada pela decisão dos norte-coreanos de abandonar a Agência Internacional de Energia Atômica.
A Casa Branca, no entanto, não partilha do otimismo de Carter.
O secretário-assistente de Estado, Robert Gallucci, disse que "ainda há muita coisa em aberto" na questão coreana.
Carter foi à Casa Branca ontem relatar os resultados de sua viagem. Foi recebido pelo assessor de segurança nacional do presidente Clinton, Anthony Lake, e outros assessores. Falou por 30 minutos com Clinton pelo telefone.
A decisão de Clinton de não interromper seu fim-de-semana na casa de campo oficial do governo em Camp David é representativa do mal-estar que existe entre ele e seu antecessor por causa da Coréia.
Camp David fica a dez minutos da Casa Branca de helicóptero. Todos sabem que Clinton não gosta de passar o fim-de-semana lá. O presidente é um trabalhador compulsivo. Não custaria ir a Washington falar com Carter.
Mas Clinton não gostou muito da iniciativa de Carter ir à Coréia e menos ainda de ele ter dito ao líder norte-coreano Kim Il-sung que os EUA estavam prontos para abandonar a ameaça de sanções contra o Norte.
Ontem, Anthony Lake reafirmou que a proposta de punições econômicas vai ser mantida até que formalmente a questão nuclear esteja resolvida.
Carter disse que na sua opinião as sanções se tornaram desnecessárias desde que a Coréia do Norte se prontificou a realizar conferência de cúpula com o Sul para resolver os problemas nucleares entre os dois.
O prestígio de Carter
Os principais responsáveis pela política externa no governo Clinton, inclusive o secretário de Estado Warren Christopher, trabalharam na administração Carter (1977-1981).
Carter foi o mais recente presidente do Partido Democrata antes de Clinton. Ele deixou a Casa Branca, depois de ter sido derrotado por Ronald Reagan em 1980, como um dos presidentes menos populares do século (taxa de aprovação pública de 34%).
Mas a atuação de Carter em defesa dos direitos humanos nos anos seguintes lhe trouxe de volta a credibilidade do país.
Ele é o mais admirado pelos norte-americanos entre os ex-presidentes vivos.

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