São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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Brasil demoliu a muralha da Rússia

ALBERTO HELENA JR.
EM PALO ALTO

Já de manhã cedinho, um sinal perturbador. Desde que chegamos aqui na Califórnia, o céu tem-se estendido azul, diria que enjoativamente azul, sem um fiapo de nuvem.
Na manhã da estréia do Brasil na Copa, um denso véu cinza cobria Los Gatos e boa parte das 20 milhas (pouco mais de 32 km) da estrada que nos trouxe a Palo Alto, onde fica o estádio de Stanford.
No caminho, o celular avisa que desabou a passarela que liga o estádio ao centro de imprensa. Não me surpreendo. Afinal, é uma vergonha o que estão fazendo com a Copa do mundo por aqui.
O tal centro de imprensa é um pavilhão de plástico e armações de alumínio, enorme, uns dez mil metros quadrados.
Na manhã do jogo contra a Rússia, o ar-condiconado está funcionando, ainda bem, pois na véspera, tomamos uma sauna inesquecível por estas bandas californianas.
Bem, lá está a passarela no chão, desabada, um monte de plástico colorido, tubos de ferro e alumínio, como restos de um carnaval que ainda nem começou.
*
O carnaval começou mesmo lá no estádio, com a torcida brasileira lotando praticamente todos os 81 mil lugares disponíveis.
Ola aqui, ola lá, e o Brasil, nas quatro linhas sendo submetido à uma feroz marcação homem-a-homem dos russos. Nada além de dez minutos.
A partir de então, o Brasil começa a demolir este último e frágil muro russo, com uma escapada de Romário.
Mais dez minutos, e o primeiro gol, de Romário, claro. Pura percepção, aproveitando córner cobrado por Bebeto na esquerda.
Na verdade, os russos é que se demoliram. Com marcação individual, ao Brasil bastava dar-lhes a bola. Pronto, eles se marcavam imediatamente.
Veio o segundo tempo, e logo aos 7 minutos, Romário, que havia sofrido um pênalti no primeiro tempo, não assinalado pelo juiz, foi derrubado na área. Desta vez o juiz marcou.
Raí cobrou e garantiu os 2 a 0, que teriam dobrado se Bebeto não desperdiçasse mais duas chances claras antes do final.
Ponto alto: Mauro Silva, impecável; Romário, implacável. Leonardo bem e Raí melhorando no segundo tempo. Ricardo, firme.
Pra baixo: Márcio Santos e Zinho. Por fim, o medo de Ricardo Rocha não resistir a esta Copa.

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