São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994
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'Só jogamos para ganhar', diz técnico

UBIRATAN BRASIL
DO ENVIADO ESPECIAL

O técnico da Alemanha, Berti Vogts, 47, tem uma dura missão. Acusado de defensivista pela imprensa alemã, que não se cansa de compará-lo a seu antecessor, Franz Beckenbauer, Vogts sabe que precisa do título mundial para cessar as críticas.
Confiante no potencial da equipe vitoriosa de 90, quando foi auxiliar de Beckenbauer, o técnico alemão aposta na filosofia que hoje domina o futebol de seu país: o investimento no coletivo é que traz benefícios pessoais.
A mentalidade busca um futuro ambicioso: a Alemanha já se dispõe oficialmente a sediar a Copa de 2006, quando pretende já estar estabelecida como a melhor equipe de futebol do mundo.

Folha - Como o senhor trabalha sob críticas?
Berti Vogts - Já me acostumei. O nível de exigência no futebol alemão é como em uma empresa: não se admitem erros. Faz parte do nosso estilo. A seleção vem trabalhando sob pressão há três anos, para chegar aqui já acostumada a uma tensão de Copa. Cuidamos até dos detalhes, como o forte calor que faz nessa época nos EUA.
Folha - As críticas o apontam como precavido demais, temendo escalar vários atacantes. O que o sr. acha desse comentário?
Vogts - É uma injustiça pois jogamos em bloco. Quando está defendendo, o time está quase todo atrás, mas com mobilidade para chegar na frente com até quatro jogadores. Esse é o estilo alemão.
Folha - Como o futebol moderno deve ser praticado?
Vogts - Coletivamente. O jogador deve saber hoje que seu talento não deve ser usado para o transformar em estrela única. Sua ascensão tem que coincidir com a do time, sem ultrapassá-lo.
Folha - Isso não faz o futebol mecânico, tirando sua beleza?
Vogts - Não se for bem feito. Veja na Alemanha: o Matthaeus é brilhante, mas não se sobressai tanto dos demais. E ainda conseguimos dar espetáculo. Entendo a sua estranheza. É por que os brasileiros celebram o futebol. Os alemães jogam sempre para ganhar.

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